BC diz que vê impacto da alta de juros na economia e no crédito pela 1ª vez
A ata se refere à reunião dos dias 25 e 26 de outubro, quando o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano
O Banco Central disse que já há "impactos perceptíveis" de sua política de aperto monetário sobre o crédito e a atividade econômica, segundo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (1).
Apesar dos efeitos, a instituição afirmou que é necessário "manter a vigilância", de modo a avaliar "se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros (Selic) por um período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação".
A meta da inflação para 2022 é de 3,5% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, o IPCA ficou em 7,17%.
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"O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica. Nota-se um impacto nos dados recentes referentes tanto à composição das concessões de crédito para as famílias quanto ao aumento moderado da inadimplência, em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração", disse o BC.
A ata se refere à reunião dos dias 25 e 26 de outubro, quando o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano.
É a primeira vez que a autoridade monetária escreve ter percebido sinais de efeitos do ciclo de alta de juros sobre a economia, especialmente sobre financiamentos e taxa de inadimplência.
O ciclo de alta começou no início de 2021 e levou os juros ao maior patamar desde 2017, com objetivo de combater a inflação, que chegou ao pico de 12% em abril.
Com a Selic elevada e as medidas para conter o avanço do índice, como o corte de ICMS sobre energia e combustíveis, a projeção dos analistas de mercado, agora, é que o indicador chegue ao fim do ano com alta de 5,61% e 4,94% em 2023.
A desaceleração do IPCA levou alguns economistas a prever cortes na Selic antes do projetado anteriormente. Mas o BC não seu sinais de que isso aconteça e demostrou preocupações com a possibilidade de uma ampliação de gastos no novo governo.
"No cenário doméstico, o Comitê avalia que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal", diz a ata, sem citar nominalmente o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula já afirmou que pretende manter o Auxílio Brasil de R$ 600 e colocou entre suas prioridades o rejauste real - acima da inflação - do salário mínimo.