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Economia

BC pode permitir devolução de parte do financiamento imobiliário quitado para o devedor

Outra proposta em discussão, apontada pelo presidente do Itaú, é elevar o teto para o financiamento de folhas de pagamento

Presidente do Itaú Unibanco, Candido BracherPresidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher - Foto: Divulgação/Banco Itaú

Segundo o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, o Banco Central avalia permitir que bancos devolvam parcelas já quitadas do financiamento imobiliário para o devedor, como forma de estimular a economia durante a crise do coronavírus.

"Se você tomou um financiamento imobiliário de 120 parcelas e pagou 60 delas, o banco pode devolver essas 60 parcelas se você desejar. É como se você voltasse ao início do financiamento, com a mesma taxa. Seria uma coisa muito simples porque o próprio imóvel que foi dado em garantia originalmente continua em garantia, já tem hipoteca, já tem tudo", disse Bracher em transmissão ao vivo do jornal Valor Econômico nesta terça-feira (19).

Segundo ele, a ideia, levantada pelo Itaú, estaria em um estágio avançado de avaliação pelo regulador.

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"Estamos pensando em medidas como essa para auxiliar a irrigação da economia neste momento difícil", diz Bracher. O mecanismo seria uma forma barata de conceder liquidez aos clientes, já que o crédito imobiliário tem uma das taxas mais reduzidas no mercado.

Outra proposta em discussão, apontada pelo presidente do Itaú, é elevar o teto para o financiamento de folhas de pagamento, de empresas que faturem R$ 10 milhões ao ano para R$ 30 milhões ou R$ 50 milhões.

Segundo Bracher, apesar de a oferta de crédito ter crescido em março e abril de 2020 -bancos concederam mais financiamento a empresas do que no mesmo período de 2019-, a demanda cresceu mais.

"Para que você possa conceder crédito, é necessário liquidez e avaliar o risco para receber o crédito de volta no prazo. O risco agora é muito maior e nem por isso há menos oferta de crédito", diz.

Ele afirma que o custo do crédito deve ser adequado para remunerar o risco e, caso ele esteja abaixo desta remuneração adequada, o crédito correria o risco de desaparecer.

"Há o risco de você não conseguir mais oferecer crédito nessas novas condições e há o risco de fragilizar o balanço dos bancos e fragilizar o sistema bancário. Já temos uma crise de saúde, política, econômica, não precisamos de uma crise do sistema financeiro."

Bracher criticou o projeto de aumentar a taxação sobre o lucro dos bancos de 20% para 50%, em discussão no Senado. "Não houve aumento de impostos em nenhum país que enfrenta a pandemia. Vai na contramão do que se deseja e do que se deve fazer", diz.

Segundo o presidente do Itaú, mesmo quando a Covid-19 fora superada, a atividade econômica vai seguir baixa por "um bom tempo". "Temos que nos preparar para isso. Pode demorar um ano ou mais. Quando vacina, remédio ou imunidade de banho for alcançada, não vamos voltar para onde estávamos antes [da pandemia]. Gosto de comparar essa crise com a Segunda Guerra Mundial. O mundo mudou e vai mudar de novo. Temos que nos preparar para um novo cenário."

Sobre o megaferiado que está sendo organizado pelo estado e pela prefeitura de São Paulo, previsto para iniciar na quarta-feira (20), Bracher diz entender a adoção da medida para reduzir o contágio da doença.

"Febraban e Banco Central ainda estão conversando sobre o feriado. Não está claro qual a orientação para os bancos. Entendo que agências não devem abrir, a não ser da Caixa, mas que liquidações financeiras sejam feitas normalmente."

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