BRASIL

BC poderá fazer novas intervenções no câmbio "se for preciso", diz Campos Neto

Presidente do BC disse que decisão de leilão veio após entendimento da autarquia de que houve 'desbalanceamento' no mercado

Roberto Campos Neto, presidente do BC Roberto Campos Neto, presidente do BC  - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que novas intervenções no câmbio poderão acontecer, caso a autoridade monetária entenda que seja necessário.

Hoje, pela primeira vez em dois anos, o BC realizou um leilão de dólar à vista no mercado, de US$ 1,5 bilhão.

— Nós entendemos, como foi anunciado ontem, que o BC precisava fazer essa intervenção para balancear esse fluxo. A gente está mapeando. Se for preciso mais intervenções, assim faremos — afirmou Campos Neto, em participação no XP Expert, evento promovida pela XP Investimentos, na capital paulista.

A última vez que o BC havia realizado a operação foi em abril de 2022. O leilão de dólar aconteceu entre 9h30 e 9h35 desta sexta-feira, com a taxa Ptax como referência.

Apesar da intervenção, a moeda iniciou o dia com valorização. Perto das onze horas da manhã, o dólar comercial operava em alta de 0,85%, negociado a R$ 5,67. Antes, chegou a se aproximar dos R$ 5,70.

Campos Neto afirmou que o câmbio precisa ser flutuante porque tem a função de absorver choques e disse que o BC "está sempre conversando e observando o cenário".

Quando há um momento de "disfuncionalidade, faz intervenções", acrescentou.

—A gente entende que nesses dias a gente está tendo um movimento de fluxo atípico por rebalanceamento do índice [...]. Cabe ao Banco Central mapear qual é o tamanho desse desbalanceamento e quanto precisa para suprir esse fluxo que é atípico — disse o presidente do BC.

O presidente do BC afirmou que houve entendimento da autarquia de que a intervenção era necessária em razão de um "deslocamento muito grande dos fundamentos", e disse que a tomada de decisão sempre vem da "mesa" do BC.

— O processo de tomada de decisão no câmbio sempre vem da mesa do Banco Central central, com o diretor de política monetária (Gabrel Galípolo), que fala comigo. A gente discute e quando é um tema mais importante envolve outros diretores. Não fazemos intevenção em curto prazo, olhando o movimento de uma hora.

O aviso do leilão veio um dia depois de o governo oficializar a indicação Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do BC, como sucessor de Campos Neto na presidência do BC. Ele ainda terá que passar por sabatina no Senado.

Na quinta-feira, o dólar subiu 1,2% e encerrou o dia cotado a R$ 5,62, após a divulgação de indicadores econômicos nos EUA que mostram uma economia americana está mais aquecida do que o previsto.

Uma mudança no índice MSCI, referência global para fundos internacionais, também gerou expectativa de influência no mercado, com a saída expressiva de recursos do Brasil. O índice agora incluirá ações de empresas brasileiras negociadas no exterior, como Nu Holdings, StoneCo, PagSeguro, XP e Banco Inter.

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