BCE volta a aumentar taxas de juros e anuncia novas altas
As taxas de juros da instituição subiram nesta quinta-feira (2) para uma faixa entre 2,5% e 3,25%, a maior desde novembro de 2008
O Banco Central Europeu anunciou nesta quinta-feira (2) mais uma alta das taxas de juros, em meio ponto percentual, e mostrou a sua firmeza no combate à inflação antecipando que aplicará o mesmo aumento em março.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, já tinha anunciado este aumento de 0,50 ponto percentual em dezembro, confirmado nesta quinta-feira (2), mas a instituição surpreendeu ao anunciar que voltará a fazer o mesmo em março.
"Diante das pressões inflacionárias que se sobrepõem, o conselho do BCE pretende aumentar as taxas de juros em mais 50 pontos-base em sua próxima reunião em março", disse o BCE.
Leia também
• Banco Santander tem lucro recorde por aumento das taxas de juros
• Copom mantém juros básicos da economia em 13,75% ao ano
• Copom se reúne hoje (1º) em um cenário de incerteza fiscal
As taxas de juros da instituição subiram nesta quinta-feira (2) para uma faixa entre 2,5% e 3,25%, a maior desde novembro de 2008.
O BCE enfrenta um aumento maciço de preços provocado pela guerra da Rússia na Ucrânia, que o levou a lançar uma série de altas de juros sem precedentes em julho.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, banco central) elevou sua principal taxa de juros pela oitava vez consecutiva na quarta-feira (0,25 ponto percentual), mas desacelerou o ritmo em relação aos aumentos anteriores.
O Banco de Inglaterra (BoE) também elevou nesta quinta-feira a sua taxa de juros oficial em 0,5 ponto percentual, para 4%, o valor mais elevado desde 2008.
Melhora ilusória da inflação
Enquanto nos Estados Unidos a inflação atingiu o pico em junho de 2022, na zona do euro a evolução tem sido muito mais lenta e os preços só atingiram o pico em outubro, com 10,6%.
Em janeiro, a inflação na zona do euro caiu pelo terceiro mês consecutivo, para 8,5%, mais do que os economistas esperavam, graças aos preços mais baixos da energia. Porém, permanece bem acima da meta do banco central de 2% a médio prazo.
Além disso, trata-se de uma melhora ilusória da inflação, porque o chamado núcleo, que exclui energia e alimentos, ficou em 5,2% no mesmo período e "deve seguir insistentemente alto em 2023", alerta Fritzi Köhler-Geib, economista-chefe do banco estatal alemão KfW.
O BCE não hesita em continuar a aumentar as taxas de juro, ainda mais com a previsão do Eurostat de que a zona do euro poderá escapar da recessão neste inverno, graças a um ligeiro crescimento do PIB (+0,1%) no quarto trimestre de 2022.
Nesse sentido, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmou nesta quinta-feira que a economia da zona do euro se mostra “mais resiliente” do que o esperado, apesar da “fraca atividade global e da elevada incerteza geopolítica”.
De acordo com o índice PMI, a atividade industrial se recuperou em janeiro na zona do euro graças à melhora nas cadeias produtivas e à reabertura da economia chinesa.
Agora a questão é saber até onde o BCE irá com seus aumentos de juros. “Ainda temos um longo caminho a percorrer, sabemos que isso não acabou”, disse Lagarde.
O comunicado da instituição também deixa as portas abertas a todas as opções e indica que as decisões futuras “continuarão a depender dos dados”.
O BCE também alerta que vai "continuar a aumentar substancialmente as taxas de juros em um ritmo constante e mantê-las em níveis suficientemente restritivos para garantir que a inflação volte à meta o mais rápido possível".