Banco Interamericano

BID abre assembleia no Panamá em meio à crise no sistema bancário

As turbulências podem interromper os créditos ou aumentar seus custos, o que prejudicaria diretamente as nações latino-americanas

Sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, Estados UnidosSede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, Estados Unidos - Foto: Divulgação / BID

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) inaugurou sua assembleia anual nesta quinta-feira (16) no Panamá, em meio à crise no sistema bancário dos Estados Unidos e da Europa, que pode impactar as economias da América Latina e do Caribe.

"A agenda dos próximos dias abrange vários temas importantes e prioritários" para a América Latina e o Caribe, como o combate à pobreza e à mudança climática, disse o novo presidente da instituição, o brasileiro Ilan Goldfajn, no discurso de abertura.

A assembleia, que reúne gestores financeiros de todo o continente, começou poucos dias depois da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e de outras duas instituições financeiras nos EUA, e da instabilidade no Credit Suisse, na Suíça.

Essas turbulências podem interromper os créditos ou aumentar seus custos, o que prejudicaria diretamente as nações latino-americanas, segundo especialistas.

Goldfajn não mencionou a crise no sistema bancário, mas, ao chegar ao Panamá, na quarta-feira (15), comentou que assuntos relacionados à "conjuntura" certamente serão abordados no encontro que reúne ministros da Fazenda e dirigentes dos 48 países que integram o BID.

Goldfajn lembrou em seu discurso de abertura que o BID ajudou com empréstimos a financiar a expansão do Canal do Panamá (concluída em 2016), um canal crucial para o comércio mundial e o motor da próspera economia deste país centro-americano.

40% dos pobres não recebem ajuda
Estes gestores terão uma série de reuniões a portas fechadas no sábado e domingo (18 e 19), após dois dias de palestras com especialistas sobre o combate à pobreza e à mudança climática, o desenvolvimento sustentável e colaboração público-privada, entre outros tópicos.

No primeiro desses seminários, a economista do BID Ana María Ibáñez alertou nesta quinta-feira para a necessidade de identificar adequadamente as pessoas mais pobres dos países da região, para que a ajuda estatal chegue a quem realmente precisa.

"Hoje 40% dos extremamente pobres não estão na lista de programas de assistência à pobreza em nossos países", disse Ibáñez.

"Também temos um número significativo de pessoas que não são pobres e recebem programas do Estado", acrescentou a assessora da Vice-Presidência de Setores e Conhecimento do BID.

Criado em 1959, com sede em Washington, o BID é uma das principais fontes de financiamento a longo prazo para a América Latina e o Caribe.

Goldfajn afirmou que o número de créditos que a instituição concede ou quanto dinheiro ela empresta não é relevante.

"O que é fundamental é o impacto tangível e mensurável do desenvolvimento", declarou ele ao assumir o cargo em 12 de janeiro.

Na quarta-feira (15), o presidente do BID disse que a região deve resolver o "desafio" de atender a "muitas demandas sociais com poucos recursos" e afirmou que esse desafio será tratado na assembleia.

Tendência preocupante
A turbulência no sistema bancário dos Estados Unidos e da Europa ocorre em um momento difícil para a América Latina e o Caribe.

A dívida total da região aumentou para 5,8 trilhões de dólares, o equivalente a 117% do PIB regional, de menos de 3 trilhões em 2008, revelou o BID, que considera essa tendência preocupante.

Goldfajn destacou que nas últimas duas décadas a região cresceu 12 vezes menos que os países emergentes da Ásia, e nos cinco anos anteriores à pandemia suas economias contraíram, quando praticamente todas as demais cresciam.

O Grupo BID é formado pelo banco em si, pelo BID Invest, que colabora com o setor privado, e o BID Lab, que experimenta formas inovadoras de impulsionar um crescimento mais inclusivo.

A assembleia ocorre pela primeira vez desde 2019, devido à pandemia do coronavírus.

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