BID vai ampliar recursos com apoio do setor privado para US$ 38 bilhões em 2030
Com novo modelo, aportes vão crescer dos atuais US$ 25 bilhões. "Investimento privado é hoje um grande driver na América Latina", diz Ilan Goldfajn, brasileiro que preside o banco multilateral
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) planeja ampliar o volume em recursos para financiamento a iniciativas em América Latina e Caribe dos atuais US$ 25 bilhões para US$ 38 bilhões em 2030, afirmou Ilan Goldfajn, presidente do órgão multilateral de fomento na abertura da Reunião Anual do BID, realizada em Santiago, no Chile.
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Ao todo, serão US$ 13 bilhões a mais em recursos, sendo que a maior fatia, ou US$ 8 bilhões virão via BID Invest, que é o braço do setor privado do banco.
Goldfajn, ex-presidente do Banco Central do Brasil, afirma que os recursos privados são um impulsionador na captação de recursos para os países da região, enfatizando que a nova estratégia adotada pelo BID tem como foco tornar as ações que têm apoio do banco mais eficazes e com maior escala de impacto local:
— O investimento privado é hoje um grande driver de investimento na América Latina. Não há outra forma de avançar em tantos desafios de desenvolvimento porque tem um gap (de recursos) em que temos de trabalhar. Há uma grande necessidade de recursos dos países — explicou ele. — E aí entram os investidores. Temos um programa para trazer investidores de todo o mundo para a América.
O novo modelo de negócios do banco, chamado de BID Impact+, foi lançado no ano passado com objetivo em ampliar o impacto e escalar os resultados alcançados.
Para chegar lá, está ancorado em um trabalho desenvolvido com base em colaborações com organizações da sociedade civil, de forma a mapear com maior precisão os desafios ao desenvolvimento econômico de cada país e região, apontando soluções efetivas, diz o presidente do BID.
A iniciativa privada subiu ao posto de multiplicador de recursos.
Na reunião anual do órgão realizada em 2024, foi aprovado um aumento de capital de US$ 3,5 bilhões do BID Invest a ser efetivada ao longo de até sete anos. Esse movimento vai mais do que dobrar o capital disponível para investimentos em empresas e projetos do setor privado.
O encontro em Santiago reúne perto de quatro mil participantes, considerando os 48 países membros, entre governadores dos países, instituições financeiras de fomento e outros organismos.
Também representantes dos Estados Unidos estão presentes no evento, a despeito de pronunciamentos feitos pelo presidente Donald Trump acenando com a possibilidade do país retirar seu apoio a organismos multilaterais de fomento.
Na abertura dos trabalhos, Ilan Goldfajn sublinhou que os esforços estão voltados para o enfrentamento a gargalos comuns em toda a região, a exemplo do crime organizado:
— Recém criamos uma aliança para a segurança e o desenvolvimento. Segurança é um problema na região. E é um problema transnacional, se é assim, está em nosso DNA e temos o papel de formular soluções — afirmou ele.
Ele reforçou a importância de centrar os trabalhos em promover desenvolvimento com sustentabilidade ambiental e focado no combate à desigualdade socioeconômica, promovendo inclusão.