Biden anuncia acordo com 12 países de Ásia e Pacífico e acena para a China
Em viagem ao Japão, presidente americano disse que avalia reduzir tributação sobre produtos chineses adotada por Trump
Em sua primeira visita oficial à Ásia, o presidente americano Joe Biden anunciou o Quadro Econômico Indo-Pacífico para a Prosperidade (Ipef, na sigla em inglês). É estratégia para impulsionar o envolvimento econômico dos Estados Unidos na região, deixando para os 13 países participantes descobrirem como cumprir o acordo e se a China poderia aderir.
Em paralelo, ele acenou para a China, afirmando que avalia retirar tributos cobrados de produtos chineses importados pelos EUA, enquanto pressiona a Opec para ampliar a produção de petróleo num momento em que enfrenta uma onda de inflação de efeito negativo politicamente.
— Estou avaliando. Nós não determinamos esses tributos. Eles foram implementados pelo último governo e estão sendo reavaliados — disse Biden, ao participar de uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
A Casa Branca afirma que o Ipef não oferece alívio em tributação aos países que aderirem, com Índia, Malásia e Filipinas entre eles, mas oferece um caminho para a resolução de questões centrais que vão de mudanças climáticas a comércio digital.
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Washington não dispunha de um pilar econômico para atuar economicamente na região de Índia e Pacífico desde que o ex-presidente Donald Trump deixou o acordo comercial transpacífico, abrindo espaço para que o principal rival dos EUA, a China, ampliasse sua influência.
— O futuro da economia do século XXI será amplamente escrita na sua região, Índia e Pacífico. Estamos escrevendo as novas regras — disse Biden no evento de lançamento da iniciativa, nesta segunda-feira, em Tóquio.
O presidente americano espera que o acordo aprimore padrões ambientais, trabalhistas e outros na Ásia. Outros membros fundadores são Austrália, Brunei, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Cingapura, Tailândia e Vietnã, além dos EUA.
Esses países, contudo, terão de definir que parâmetros que a serem seguidos, além de como serão implementados e se o Legislativo de cada uma dessas nações terá de ratificá-lo, além de definir como serão avaliados novos membros em potencial, o que inclui a China, disseram autoridades americanas à agência Reuters.
— O acordo vai ampliar o acesso a fontes de financiamento e tecnologia — disse o primeiro ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, que participou do evento por vídeo. — Ainda é um acordo em andamento, com consultas planejadas para serem feitas no curto prazo.
Gina Raimondo, secretária americana de Comércio, disse a jornalistas que o Ipef apresenta aos países asiáticos “uma alternativa à abordagem chinesa a esses assuntos críticos”.
A China não demonstrou interesse em participar do acordo. Muitos dos parâmetros desejados por Washington tornariam o acordo impalatável para Beijing, informou um membro do governo americano.
Outro país que ficou de fora das conversas iniciais foi Taiwan, que demonstrou desejo de aderir.
O assessor para Assuntos de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, informou a jornalistas no avião presidencial que Taiwan não participaria do lançamento do Ipef mas que o governo americano trabalha para aprofundar laços econômicos com a ilha autônoma reclamada pela China.
O Ipef é uma tentativa de resgatar parte dos benefícios de integrar um acordo mais amplo como o deixado para trás por Trump, o antigo Acordo Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), agora conhecido como Acordo Abrangente e Progressivo para Parceria Trans-Pacífico.
— O TPP, na forma como foi pensado, era algo bem frágil — disse Katherine Tai, representante do Comércio americano, sobre o acordo temido por algumas pessoas que o enxergavam como risco para empregos nos EUA.
Ela pontuou que o principal problema foi que não havia apoio suficiente em território americano para efetivá-lo.
A China se inscreveu em setembro último para aderir ao acordo sucessor do TPP. Ao participar de reunião fechada com Biden nesta segunda-feira, o primeiro-ministro japonês relatou ter dito ao presidente americano que Whashington deveria reingressar no acordo.
Beijing parecia ter uma visão pessimista sobre os planos para construir o Ipef.
A China é receptiva a iniciativas que fortalecem a colaboração entre os países da região, mas “se opõe a tentativas de criar divisão e confronto”, disse o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, em comunicado. “A (região de) Ásia-Pacífico deveria se tornar terreno privilegiado para o desenvolvimento da paz, e não uma arena para gladiadores geopolíticos”, concluiu.