A última sexta-feira de novembro se tornou sinônimo de consumo devido à Black Friday. O evento, que oferece descontos em diversos segmentos da economia, vem se tornando cada vez mais popular no país e em 2020 acontece nesta sexta-feira (27). Porém, o momento de instabilidade econômica que vivemos exige que os consumidores reflitam antes de adquirir algum produto para que não se endividem e tornem a situação ainda mais difícil.

O endividamento já é um dos problemas dos consumidores pernambucanos. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), 76,1% das famílias pernambucanas estavam endividadas em outubro. “Esse alto número de pessoas que possuem dívidas faz com que elas tenham restrição orçamentária. Além de ser ruim para a pessoa, é ruim para o comércio, pois o cliente endividado não renova o consumo”, explica o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos. 

O alerta sobre o aumento das dívidas nesse período foi dado após pesquisa da Fecomércio- PE, realizada através do Instituto Oscar Amorim de Desenvolvimento Econômico e Social (Instituto Fecomércio-PE) e em parceria com o Sebrae/PE. De acordo com levantamento, quase 50% dos pernambucanos pretendem consumir na Black Friday, dos quais 63% afirmaram que vão comprar no cartão de crédito. Esse índice é um forte indício de que o endividamento tenderá a subir nos próximos meses.

É possível, porém, comprar com consciência para não se endividar. Para começar, o economista João Rogério, da PPK Consultoria, recomenda que o consumidor se faça três perguntas: “Eu preciso disso para hoje? O que aparentemente está em promoção (ou em boas vantagens de negócio, como maiores parcelas) é realmente um desconto ou o preço está igual? Eu não vou me endividar para fazer a compra?”. Caso as respostas sejam positivas, então é válido fazer a compra.

Também é recomendado que se compre apenas aquilo que é necessário, evitando o consumo por impulso. O consultor econômico e diretor do Cedepe, Tiago Monteiro, explica que a opção por aguardar pode ser melhor pois existem outras promoções mais vantajosas. “No Brasil, os preços geralmente estão mais caros no período de Black Friday e Natal. A verdadeira queima de estoque, onde as promoções são maiores, acontece no final de janeiro, pois as lojas buscam vender aquilo que foi acumulado no final do ano”, analisou. 

A tecnologia se tornou um meio de consumo, mas também pode ser uma aliada na hora das compras. Com as milhares de lojas virtuais disponíveis em um clique, o consumidor pode conferir o preço médio do produto que ele quer e ter uma noção do que vai gastar. “Com a informação do valor do produto, recomenda-se que o consumidor saia de casa já com o valor aproximado, assim ele evita ser tentado a comprar outras coisas” explica Tiago Monteiro.  

A tecnologia também pode auxiliar no planejamento financeiro, outro importante aliado para que as pessoas não se endividem. “A inadimplência surge quando a gente gasta acima do que planejamos. Hoje existem aplicativos que permitem você fazer uma radiografia das suas economias e saber a sua realidade financeira. Com isso, você pode saber o que sobrou para gastar no mês ou o que sobrará para o próximo”, afirma Tiago Monteiro. 

Como forma de proteger os consumidores a não caírem em promoções falsas, o Procon Pernambuco estará realizando fiscalizações em lojas para verificar possíveis violações ao Código de Defesa do Consumidor. Caso o cliente queira fazer alguma denúncia, basta entrar em contato com o órgão de defesa através do número 0800. 282.1512 ou pelo Whatsapp (81) 3181.7000. Outra forma é se dirigir às unidades físicas do Procon PE. 

Arte Folha PE/ Hugo Carvalho

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