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Economia

BNDES admite excedente em crédito a folha de pagamento e estuda realocação

A estimativa inicial do programa era de que atingisse 1,4 milhão de empresas e contemplasse 12 milhões de pessoas

BNDESBNDES - Foto: Miguel Ângelo/CNI/Direitos reservados

Mesmo após ajustes feitos pelo Congresso, a linha de crédito para financiar a folha de pagamentos continua com excedente e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estuda realocar esse dinheiro a outros tipos de empréstimos.

A informação foi dada nesta terça-feira (13) pelo diretor de participações, mercado de capitais e crédito indireto do banco de fomento, Bruno Laskowsky. Ele participou de audiência pública realizada pela comissão mista de monitoramento da situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas de combate ao coronavírus.

Laskowsky falou sobre o Pese (Programa Emergencial de Suporte a Empregos), que tem total de R$ 17 bilhões de recursos para serem emprestados para financiar a folha de pagamento de empresas por até quatro meses. Até agora, segundo dados do Banco Central atualizados em 6 de outubro, foram liberados R$ 6,26 bilhões a 125.753 empresas -2.371.912 empregados tiveram os salários cobertos.

A estimativa inicial do programa era de que atingisse 1,4 milhão de empresas e contemplasse 12 milhões de pessoas."De fato, existe aqui um excedente da linha...podemos discutir um pouco mais..., mas o fato é que uma parte dessa linha está indo para o Peac Maquininhas", disse Laskowsky, em referência ao programa de crédito via maquininhas.

O diretor do BNDES respondia a uma sugestão de Silas Santiago, gerente de políticas públicas do Sebrae Nacional, de que parte dos recursos do Pese fosse destinada a outras linhas de crédito. "De qualquer jeito, é uma boa sugestão, a gente pode até realocar. Obviamente, isso aqui implica discussões com o Tesouro, com o Ministério da Economia, mas, seguramente, é um dos movimentos a serem feitos", ressaltou.

Laskowsky comentou ainda as perspectivas de concessão de crédito via maquininhas e afirmou que deve impactar um número muito grande de empresas. Ele elogiou ainda outro programa voltado a pequenas e médias empresas, o Peac-FGI, que já emprestou R$ 60 bilhões com recursos garantidos.

"E, como BNDES, a gente está muito convicto de que a nova rodada de financiamento do Brasil, além do financiamento tradicional, se dará pelo modelo de seguros e garantia de crédito", afirmou, citando a possibilidade de alavancagem do modelo e a capacidade de atingir um número "expressivo de empresas" com risco menor ao sistema bancário.

O diretor contrapôs o mecanismo à antiga política do banco de subsidiar taxa de juros. "Isso teve um impacto de algumas distorções na economia e, provavelmente, foi um dos motivadores, ou uma das explicações, do nível de inflação do país", afirmou.

Laskowsky afirmou que, apesar de o Peac-FGI terminar no fim do ano, o banco deve continuar atuando no programa de garantias após esse período. O comentário foi uma resposta a uma das propostas levantadas na audiência, do senador Esperidião Amin (PP-SC), de adotar juro zero para ajudar na recuperação de microempresas e MEIs (microempreendedores individuais).

Segundo o senador, o modelo funciona em Santa Catarina há cerca de oito anos. "Eu acho que nós criarmos esse modelo em nível nacional daria um dinamismo para atender aqueles que têm mais dificuldade em operar no sistema financeiro tradicional."

Laskowsky também comentou as dificuldades de acesso a crédito por pequenas e médias empresas. "Ela tem que ter um embasamento, tem que ter condições para que o próprio negócio persista. O crédito existe na medida em que a empresa também tenha condições de existir, senão a soma é zero", afirmou.

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