Crise

BNDES avalia linha de crédito para fornecedores da Americanas, afirma Mercadante

Presidente do banco quer mudar forma como TLP é calculada

Lojas AmericanasLojas Americanas - Foto: Mauro Pimentel / AFP

O BNDES avalia lançar uma linha de crédito para fornecedores do grupo Americanas para amortizar o impacto da crise na varejista, disse o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, ao Valor Econômica.

Mercadante se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (14), em Brasília. Para viabilizar o plano de Mercadante, seria preciso do apoio de Haddad.

O BNDES estuda um redutor na NTN-B (título do Tesouro atrelado à taxa Selic) de cinco anos, que remunera a taxa do banco, a TLP.

Isso passa por uma proposta a ser enviada pelo Ministério da Fazenda ao Congresso Nacional que também contemplaria o uso da média da inflação e não a taxa mensal como hoje para reduzir a volatilidade do indicador.

Na prática, seria uma mudança na forma como a TLP é calculada.

— A crise da Americanas aponta para uma retração de crédito, que apareceu no balanço dos bancos, e para a necessidade de fazermos parcerias com outros bancos públicos e privados. O BNDES também pretende discutir esta linha com a Febraban. Para isso precisamos de mais instrumentos — disse Mercadante.

O BNDES tinha R$ 2,4 bilhões na Americanas, mas dispunha de carta de fiança para R$ 1,2 bi, já executado.

— Não temos risco de crédito no grupo — disse.

Em entrevista coletiva, Mercadante defendeu que o banco pague menos dividendos (parte do lucro distribuído ao acionista) à União. Após se reunir com o ministro da Fazenda para tratar do assunto, ele disse que a medida é necessária para que a instituição tenha "recursos próprios’’, diante de uma “forte demanda” por crédito.

— Nós queremos isonomia no pagamento de dividendos do BNDES, para que possamos, sem precisar do recursos do Tesouro, ter mais recursos próprios para aplicar. Há uma forte demanda de crédito e, sobretudo, de crédito mais barato para micro e pequenas empresas, energia limpa, inovação tecnológica — disse.

A ‘’isonomia’’, defendida Mercadante, se refere ao parâmetro de pagamento de dividendos de outros bancos. Segundo Mercadante, o Banco do Brasil distribui 25% do lucro enquanto o BNDES, 60%.

— O BNDES pagava 25%, mas no período da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), havia muito recebimento de subsídios, então eles aumentaram para 60%. Hoje, o BNDES não recebe mais subsídios do Tesouro, ao contrário, pagou R$ 678 bilhões desde 2015. Estamos acabando com esse ciclo. Estamos indo para uma relação de equilíbrio entre BNDES e o Tesouro — afirmou.

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