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Déficit

BNDES estima contribuir com R$ 34 bilhões para ajudar governo a atingir déficit zero

Presidente do banco de fomento, Aloizio Mercadante, disse que está alinhado com cortes estudados pelo governo

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)  - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira que o banco de fomento deverá contribuir com repasses de R$ 34,3 bilhões no esforço do governo em busca do déficit fiscal zero em 2024.

O valor inclui o pagamento de impostos ao governo, dividendos (inclusive de períodos anteriores) e lucro do banco previsto para este ano a serem repassados ao Tesouro, disse Mercadante durante apresentação dos resultados do banco no terceiro trimestre, em São Paulo.

"O Brasil precisa ter sustentabilidade das contas públicas, o BNDES está engajado e vamos continuar transferindo (recursos) ", afirmou Mercadante.

No montante de repasses, explicou Nelson Barbosa, diretor de planejamento e relações institucionais do banco, estão incluídos pagamentos de R$ 6,5 bilhões em impostos e tributos e mais R$ 25 bilhões de dividendos com base no lucro estimado para o banco em 2024. 

Mercadante lembrou ainda que o BNDES deverá repassar mais R$ 2,8 bilhões em dividendos do passado.

"Só com impostos e dividendos serão R$ 31,5 bilhões de repasses para a receita primária. Em 2023,o banco estava com dificuldade de caixa, mas este ano a situação está mais estabilizada e vamos ajudar no cumprimento do resultado primário com algo como 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) ", afirmou Barbosa.

O governo entrou na terceira semana discutindo possíveis cortes de gastos, mas ainda não anunciou em que parte do orçamento eles acontecerão. Mercadante disse que tem total alinhamento com os esforços que o governo está tentando fazer para ajustar contas públicas e compatibilizar com a retomada do crescimento.

"Tenho total alinhamento com o esforço que o governo está fazendo de compatibilizar a retomada do crescimento, retomada das políticas sociais com trajetória de sustentabilidade fiscal. Mas despesas obrigatórias não podem esmagar o investimento, que é o que está acontecendo ", disse Mercadante ao ser questionado sobre os cortes de gastos que estão sendo desenhados pelo governo.

Ele afirmou que as críticas do mercado financeiro às vezes são exageradas ao ajuste fiscal e têm como motivação o 'retorno imediato'. Ele afirmou que o partido do governo tem que sustentá-lo e o PT é um partido complexo, que às vezes 'não precisa nem de oposição'.

Sem citar a eleição de Trump, Mercadante disse que o cenário geopolítico tende a ser 'de muita tensão', com medidas comerciais mais intensas e isso traz riscos e desafios.

"Isso exige prudência, mas traz oportunidades. O Brasil pode ocupar espaços novos nessa disputa de hegemonia entre EUA e China ", afirmou.

O BNDES teve lucro líquido recorrente (que excluiu eventos extraordinários) de R$ 9,8 bilhões nos nove primeiros meses de 2024, o que representa alta de 48,5% em relação ao mesmo período de 2023. Considerando o lucro líquido nos nove primeiros meses do ano foram R$ 19,0 bilhões, o que representa alta de 31,4% em relação a igual período do ano anterior.

Segundo o BNDES, as aprovações de crédito cresceram 39% em um ano e atingiram R$ 137 bilhões. Já as consultas avançaram 30% e fecharam em R$ 258,9 bilhões. A carteira de participações societárias do banco somou R$ 81,7 bilhões ao fim do terceiro trimestre. De acordo com o BNDES, ela se valorizou 30% até setembro

O diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, disse que os setores que puxaram as aprovações este ano foram indústria e comércio/serviços. Segundo ele, a indústria superou pela primeira vez a agropecuária. A carteira expandida cresceu 11,1%, a R$ 550,3 bilhões, a maior cifra desde 2017.

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