Logo Folha de Pernambuco

economia

BNDES pede urgência em aprovação da venda da Cedae

O BNDES tem repetido que a concessão da Cedae será o maior projeto de infraestrutura do país

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - Foto: Agência Brasil

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) reforçou nesta segunda (23) apelo ao governo do Rio que aprove a venda da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) ainda em 2020, sob o risco de inviabilizar o processo após a posse de novos prefeitos.

Na avaliação do banco, a mudança de comando em prefeituras pode representar o reinício das discussões com os municípios que já decidiram participar do processo de concessão, que envolve os serviços de água e esgoto da capital fluminense e de outras 46 cidades do estado.

No momento, o BNDES e o governo do Rio discutem os parâmetros para precificar a água que será vendida pela Cedae aos concessionários que vencerem os leilões. O modelo elaborado pelo banco prevê que a captação continue estatal, com a divisão dos serviços de água e esgoto em quatro grandes blocos.

"Estamos num caminho crítico, num ponto de decisão", disse o diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs (parcerias público-privadas) do BNDES, Fábio Abrahão. "Se escorregar para 2021, vamos ver a discussão por prefeitos que não participaram do projeto e a retirada da legitimidade dos prefeitos que já discutiram o processo com o banco."

Abrahão participou de seminário sobre saneamento promovido pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). Na abertura do evento, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, já havia pedido urgência na aprovação do leilão, alegando que "esse momento não pode ser perdido".

Para dobrar resistências, o BNDES tem repetido que a concessão da Cedae será o maior projeto de infraestrutura do país, com investimentos de R$ 31 bilhões na universalização do serviços mais R$ 10,6 bilhões em bônus de outorga mínimo.

O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro (PSC), porém, levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da parte da Cedae que permanecerá estatal. Em discurso no seminário desta segunda, frisou não ser contra o projeto, mas diz que quer evitar o risco de ficar com uma empresa dependente de aportes do estado.

"O valor da Cedae que fica [com o estado] é fundamental, porque precisa ter dinheiro para fazer os investimentos necessários e precisa ter condições de sobreviver", afirmou. "Senão o estado terá que colocar dinheiro nela, dinheiro retirado da segurança, saúde, educação."

As discussões entre o banco e o governo do estado estão concentradas hoje na tarifa que a Cedae estatal cobrará dos novos concessionários. As contas do BNDES consideram R$ 1,46 por metro cúbico. Caso o valor seja elevado, o valor da outorga mínima pode ser reduzido.

O banco alega que o modelo garante a sustentabilidade da estatal e dá ao governo do Rio ao menos R$ 8,5 bilhões em valor de outorga, sem contar com eventual ágio nos leilões. A definição da tarifa de água é fundamental para que os municípios assinem os contratos de participação antes da publicação do edital do leilão.

No seminário da Firjan, o coordenador do grupo de meio ambiente do Ministério Público Estadual, promotor André Dickstein, defendeu que o governo do Rio crie uma conta específica para receber os recursos da concessão, com o objetivo de dar maior transparência ao destino do dinheiro.

Pediu também que parte dos recursos sejam usados em investimentos em saneamento e defendeu mudanças na agência reguladora estadual, que ficará responsável por fiscalizar as concessões. "É preciso tirar a Agenersa [Agência Reguladora de Energia e Saneamento] do modelo atual de precarização e captura política."

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter