BNDES poderá pagar dividendos intermediários de até R$ 15 bilhões
Banco de fomento tem lucro líquido de R$11,7 bi no segundo trimestre, alta anual de 120,7% e tem o primeiro semestre mais rentável em termos nominais
Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Bruno Montezano, o banco irá propor a mesma metodologia usada em 2019 e 2021, baseada no pagamento de dividendos intermediários, para atender ao pedido do governo federal para ampliar o repasse de dividendos neste ano.
Com isso, será proposto o pagamento de até 60% do lucro líquido no primeiro semestre de R$ 24,6 bilhões, o que equivaleria um montante próximo a R$ 15 bilhões, cerca de R$ 14,76 bilhões.
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Após o encerramento do balanço do primeiro semestre, o banco irá enviar a proposta do pagamento dividendos de acordo com o estatuto.
— Vamos propor a mesma metodologia que a gente usou em 2019 e 2021. Vou usar a palavra de dividendos intermediários e não antecipados. O que nós fizemos em 2019 e 2021, nós encerramos o balanço do primeiro semestre e fechado o balanço, submetemos à governança do banco a proposta do pagamento de dividendo estatutário com o balanço intermediário do primeiro semestre.
A proposta terá que passar pelo comitê de risco, de auditoria e pelo conselho de administração do banco.
— Eu estou pagando o do primeiro semestre no segundo semestre após fechar o balanço intermediário. Isso está previsto nos nossos normativos e no nosso estatuto. Quando você fala em antecipação, é quando você paga dentro do próprio trimestre o lucro do mesmo trimestre sem fechar o balanço. Seria como se a gente pagasse o do terceiro trimestre dentro do terceiro trimestre.
Em 2019 e 2021, esse processo ocorreu entre o final de setembro e o início de outubro. Segundo, Montezano, não se trata de uma pedala fiscal.
— O que a gente faz aqui é totalmente aderente aos normativos e ao estatuto do banco. Fizemos isso em 2021 e 2019. Estamos fechando o balanço e estamos declarando dividendo com lucros obtidos e já incorporados pelo banco. Estamos bem confortável com toda a governança e a legalidade da proposta.
Alta de 120,7% no lucro
O BNDES fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 11,7 bilhões, uma alta de 120,7% na comparação com igual período do ano passado, quando o lucro foi de R$ 5,3 bilhões.
O desempenho foi influenciado pela receita com dividendos e juros com capital próprio (JCP), de R$ 4,7 bilhões, com destaque para os dividendos da Petrobras. No semestre, o lucro líquido foi de R$ 24,6 bilhões.
Com isso, o banco de fomento teve o seu primeiro semestre mais rentável em termos nominais, segundo Montezano.
O resultado também foi influenciado pelas alienações de ações da Eletrobras, o equivalente a R$ 1,5 bilhão e a reversão da provisão de risco para crédito, afetada pela liquidação integral da dívida do Grupo Oi, de R$ 4,6 bilhões.
Carteira de crédito tem alta de 2,3%
A carteira de crédito expandida somou R$ 453,4 bilhões, alta de 2,3% em relação ao fechamento do trimestre anterior. A carteira de participações societárias também ajustada totalizou R$ 68,6 bilhões em 30 de junho de 2022, um decréscimo de 13,4% no segundo trimestre.
O resultado foi influenciado pela redução da participação em Eletrobras e uma desvalorização de duas das principais ações do portfólio do banco, casos de Petrobras e de JBS.
Investimento em fundos
Durante a apresentação dos resultados, Montezano ressaltou que o banco continurá em sua estratégia de aplicar recursos em fundos de investimento.
Para o segundo semestre, há R$ 10 bilhões comprometidos, dos quais R$ 3,7 bilhões alocados para esse tipo de investimento.
De acordo com o presidente do BNDES, o banco de fomento quer aumentar a sua alocação em fundos de investimento de crédito, tanto para pequenas e médias empresas, quanto para crédito em infraestrutura. Além disso, estão no foco, fundos de impacto, como os de biodiversidade e empreendedorismo, e fundos de venture capital.
— A nossa estratégia na alocação de fundos de investimento é central na reciclagem de capital. Essa diversificação permite que o BNDES capilarize mais a sua atuação em participação societária.
Pagamentos ao Tesouro
No semestre, o montante de pagamentos ao Tesouro Nacional foi de R$ 39,9 bilhões, o que inclui o pagamento de dividendos.
O passivo do BNDES com o Tesouro Nacional era de R$ 103,6 bilhões no fim do segundo trimestre, uma redução de 15,4% em relação ao final do primeiro trimestre, devido a liquidação antecipada no montante de R$ 17,3 bilhões, além de pagamentos ordinários de R$ 3,7 bilhões.
O patrimônio líquido atingiu R$ 129,3 bilhões no fim do segundo trimestre, queda de 9,2% em relação ao saldo ao final do primeiro.
O resultado recorrente de R$ 9 bilhões no segundo trimestre representou avanço de 279,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior, refletindo a maior receita com dividendos/JCP e o acréscimo do produto de intermediação financeira.
O resultado recorrente exclui operações de desinvestimento da carteira de renda variável e provisões para risco de crédito, dentre outros fatores.
Os desembolsos do banco de fomento no período somaram R$ 18,4 bilhões, alta de 46% frente ao mesmo trimestre do ano passado, incluindo debêntures, outros ativos de crédito, operações de mercado de capitais e não reembolsáveis.
As operações com micro, pequenas e médias empresas representaram 37,2% dos desembolsos, equivalente a R$ 6,8 bilhões. No total, R$ 100,4 bilhões da carteira de crédito do BNDES estão destinadas a essa parcela do mercado, correspondente a 21,7% do total.
No semestre, ocorreu reversão bruta de R$ 1,8 bilhão de provisão para risco de crédito no período, impactada favoravelmente pela recuperação de créditos provisionados em exercícios anteriores, principalmente por honra do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), e pela liquidação de dívida do Grupo Oi.
O produto de intermediação financeira atingiu R$ 9,7 bilhões, alta de 47,1% em comparação ao segundos semestre de 2021.
A destinação de dividendos e juros por capital próprio (JCP) complementares sobre os lucros de 2020 e 2021, no montante de R$ 17,6 bilhões
Inadimplência em patamar baixo
A inadimplência se manteve em patamar baixo, oscilando de 0,21% no final do primeiro trimestre para 0,17% no final do segundo.
A qualidade da carteira de crédito e repasses foi mantida com 93,2% das operações classificadas nos mais baixos níveis de risco (entre AA e C) em 30 de junho de 2022.