Logo Folha de Pernambuco

Desembolso

BNDES projeta desembolsar de R$ 130 bi a R$ 160 bi em 2024, com captações externas e títulos verdes

Segundo Nelson Barbosa, diretor de Planejamento do banco de fomento, cenário é de recuperação cíclica dos investimentos no ano que vem, mas crescimento para os níveis vistos em 2015 e 2016 dependerá de demanda por parte das empresas

Sede do BNDESSede do BNDES - Foto: Fábio Rossi/Agência O Globo

Após fechar 2023 com desembolsos estimados entre R$ 115 bilhões e R$ 120 bilhões, alta entre 12% e 17% sobre 2022, o BNDES deverá liberar de R$ 130 bilhões a R$ 160 bilhões em 2024, conforme projeções iniciais citadas pelo diretor Planejamento e Estruturação de Projetos da instituição de fomento, Nelson Barbosa.

A confirmação da projeção de avanço em 2024 ainda depende da demanda por crédito, que passa por uma recuperação nos investimentos, completou o executivo. Barbosa vê um cenário positivo para os investimentos em 2024, com ajustes cíclicos, como a redução das taxas de juros, não só no Brasil, mas também no exterior.

Até setembro, o BNDES aprovou R$ 95 bilhões em novos financiamentos, alta real, já descontada a inflação, de 37%, o que sinaliza para mais desembolsos nos próximos anos.

Maiores valores desde 2015 e 2016
Os desembolsos esperados para este ano deverão representar o maior montante, em valores atualizados pela inflação, desde 2016, quando foram liberados R$ 126 bilhões. Aquele foi o primeiro ano da guinada no papel do BNDES na economia, iniciada pelo governo Michel Temer (MDB), logo após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que marcou a saída do PT do governo federal.

Já os R$ 160 bilhões levariam o BNDES ao melhor desempenho desde 2015, quando foram desembolsados R$ 211 bilhões, em valores atualizados. Apesar dos níveis da era petista anterior, a meta colocada pela diretoria comandada por Aloizio Mercadante é superior: colocar os desembolsos do banco em 2% do PIB, algo acima de R$ 200 bilhões. Ano passado, o valor ficou em 1% do PIB.

Segundo Barbosa, o crescimento até as estimativas iniciais para 2024 é factível com o caixa disponível, reforçado pelas captações externas e pela perspectiva de que o Fundo Clima, operado pelo banco, receba parte dos R$ 10 bilhões que o Tesouro Nacional captou no exterior, com uma emissão de “títulos verdes” da dívida pública.

Em relatório enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) em novembro, o BNDES chegou a falar em “situação da falta de liquidez”, caso tivesse que pagar à vista uma dívida remanescente de R$ 23 bilhões com a União. Inicialmente prevista para ser paga até o fim de novembro, a dívida foi parcelada em oito vezes até 2030, em acordo com o Ministério da Fazenda.

“O aumento da demanda por crédito do banco associado à conjuntura do mercado de capitais resultou em uma situação de falta de liquidez para honrar com a última parcela extraordinária de devolução de recursos ao Tesouro Nacional”, diz o relatório enviado pelo banco ao TCU, para argumentar a favor do parcelamento.

Medidas para além de 2024
Resolvido esse parcelamento, para ir além, novas medidas propostas pela equipe de Mercadante precisarão passar pelo crivo dos demais ministérios, especialmente a Fazenda, e do Congresso, completou Barbosa. O executivo destacou duas delas.

Uma é a aprovação da criação das Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCD), título isento de Imposto de Renda (IR), nos moldes das Letras Imobiliárias (LCI) e do Agronegócio (LCA), que serviriam como mais uma fonte de recursos para o banco. Ao lançar as LCDs no mercado, o BNDES levantaria recursos com investidores em renda fixa.

Segundo Barbosa, a previsão para a renúncia fiscal desses títulos já foi prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, recentemente aprovada no Congresso. Agora, o governo deverá mandar ainda este ano um projeto de lei (PL) para criar as LCDs. Se a lei for aprovada no primeiro trimestre, o diretor vê possibilidade de uma primeira emissão dos novos títulos no segundo semestre do ano que vem.

A segunda medida é uma alteração na Constituição, para ajustar uma mudança feita pela Reforma da Previdência, em 2019. A mudança permitiu que os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) custeassem também o déficit da Previdência.

Tentativa de mudar o FAT é comandada pelo ministro do Trabalho
Criado pela Constituição em 1988, o FAT é formado com recursos de impostos. O fundo paga o seguro-desemprego e empresta recursos ao BNDES, que então os utiliza para financiar empresas, governos estaduais e prefeituras. A nova função, cobrir o rombo da Previdência, ameaça os demais fins, incluindo os repasses ao BNDES.

– Quando eu vou fazer um desembolso com o FAT, por oito a 20 anos, eu estou contando que aquele fundo vai existir. Se, eventualmente, começa a haver saques muitos elevados do FAT, aquilo deixa de ser uma quase perpetuidade, que é hoje, para ser uma fonte que vai acabar em 10 20 anos. Isso é automaticamente já afeta o meu nível de desembolso – afirmou Barbosa.

Capitaneado pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, o governo vem tendendo eliminar essa nova função. Isso dependerá, porém, de apoio do Congresso para alterar novamente a Constituição. O diretor do BNDES disse que o comando do banco espera que a questão “possa ser encaminhada” ao longo de 2024.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter