Logo Folha de Pernambuco

Economia

BNDES volta a discutir devoluções ao Tesouro com Ministério da Economia

Pagamentos podem ser mais lentos, sem garantia de cumprir a meta de R$ 54,2 bilhões em pagamentos em 2022

BNDESBNDES - Foto: Miguel Ângelo/CNI/Direitos reservados

O BNDES voltou a discutir com o governo federal o ritmo das devoluções antecipadas de recursos ao Tesouro Nacional. A meta acordada para este ano é de R$ 54,2 bilhões, mas não há garantia de que seja cumprida diante de fatores como a alta dos juros.

Em março de 2021 foi definido um cronograma para o pagamento de R$ 116,2 bilhões pelo banco à União. Ficou acordado que R$ 62 bilhões seriam pagos até o fim do ano passado e R$ 54,2 bilhões este ano. O BNDES pagou R$ 67,5 bilhões ao Tesouro em 2021. 

O banco nega haver um novo cronograma em discussão, como antecipou a reportagem da Folha de S. Paulo desta terça-feira. O que ocorre, diz o BNDES, são ajustes dentro do que está acordado com o Tribunal de Contas da União (TCU).

“Uma solução financeira foi apresentada ao Tesouro Nacional e encontra-se em análise pela equipe do Ministério da Economia. Tais tratativas, que envolveram estudos, mudanças de sistema e debates com contrapartes, evidenciam os melhores esforços da instituição em alcançar o Cronograma Alvo”, diz o BNDES por meio de nota. 

É que o cronograma alvo, que trazia as metas de pagamento para 2021 e 2022, foi definido pelo “regime de melhores esforços”. Ou seja, seu cumprimento integral, na prática, depende da avaliação da administração do banco, do planejamento financeiro e de condições de liquidez, risco e outras. 

Em 2021, explica o banco, algumas das condições definidas no documento não se confirmaram. E “foi possível efetuar o pagamento apenas do cronograma firme. Porém, isso não significa que o mesmo se repetirá ao longo de 2022”, reconhece.

A dívida remanescente a ser paga pelo BNDES ao Tesouro é de R$ 130 bilhões. Deste total, R$ 98 bilhões integram o acordo com o TCU, que recomenda que o processo siga a premissa de que “as devoluções não resultem em perdas financeiras para o BNDES”, informou o banco. 

As devoluções tiveram início em 2015 e são referentes a contratos de empréstimos fechados entre a União e o BNDES. Ao longo dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, o banco tinha seu caixa reforçado com recursos do Tesouro. Entre 2008 e 2014, R$ 440,8 bilhões foram captados por esse modelo em contratos com pagamento a perder de vista para apoiarem operações de crédito ou de participações societárias.

Com a ruína fiscal, ficou acordada a devolução antecipada desses recursos ao Governo. O TCU avaliou que o uso dos recursos do Tesouro para concessão de crédito e emissão de títulos por bancos públicos constituía uma operação irregular. 

Desde 2015, houve pagamentos anuais ao Tesouro — exceto em 2020, interrompidos em razão da pandemia —, somando R$ 472 bilhões, em valores correntes, segundo tabela atualizada nesta segunda-feira pelo BNDES.

O cronograma apresentado pelo banco à Corte previa que cerca de 75% do valor a ser devolvido ao Tesouro deve ser pago até o fim de 2026, antecipando a vigência original dos contratos firmados entre o BNDES e a União, que vencem em 2040. 

No fim de janeiro, o banco divulgou uma carta redigida por seu presidente, Gustavo Montezano, com o planejamento do BNDES para 2022. No documento, ele lembra que entre 2019 e 2021 foram transferidos R$ 270 bilhões ao Tesouro em pagamento de dívidas, dividendos, juros sobre capital próprio e tributos. Frisou que o “BNDES exercerá melhor sua missão quanto menor for sua dependência do Tesouro Nacional. Recursos tangíveis e intangíveis não lhe faltam para tal”.

No ano passado, na divulgação de resultados do banco no segundo trimestre, o próprio Montezano explicou que com a alta de juros seria preciso ajustar o ritmo das devoluções: “A premissa que a gente enviou ao TCU é que não teria perda financeira ou econômica para o banco com esse pagamento. E caso a curva permaneça aberta, ou juros altos na curva longa, como está hoje, a gente vai pagar um pouco mais devagar, para não incorrer em perda de patrimônio”, explicou à época. 

De janeiro a setembro de 2021, o banco registrou R$ 26,4 bilhões em lucro, expansão de 93% na comparação com igual período do ano anterior. O resultado fechado do ano será divulgado apenas na semana que vem.

Veja também

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"
IA

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"

Newsletter