Petrobras

Bolívia pode parar fornecimento de gás ao Brasil e pede investimentos da Petrobras no país

O assunto será discutido, nos dias 17 e 18 de outubro, em reunião, na Bolívia, entre representantes da Petrobras e dos governos dos dois países

O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Franklin Molina Ortiz O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Franklin Molina Ortiz  - Foto: Presidência Bolívia/Divulgação

Um mês depois de o presidente boliviano, Luis Arce, afirmar que as reservas de gás natural de seu país estão esgotadas e o envio do produto ao Brasil e à Argentina está comprometido, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Franklin Molina Ortiz, esteve em Brasília, nesta semana, para pedir às autoridades brasileiras mais investimentos da Petrobras no país. Ao Globo, Ortiz afirmou que, se a parceria na produção de gás for retomada, será possível aumentar a oferta em pelo menos 2 milhões de metros cúbicos por dia. Essa seria uma forma de evitar a interrupção do fornecimento de gás.

Enviado ao Brasil pelo presidente de seu país, Ortiz foi recebido, na segunda-feira, pelo vice-presidente e titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Na terça-feira, esteve com os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Hoje, o contrato para fornecimento de gás pela Bolívia ao Brasil vai até 2025.

— Estamos falando sobre a prorrogação do contrato para além de 2025, mas também precisamos falar sobre investimentos. Se quisermos que haja produção de gás a curto prazo, devemos desenvolver investimentos que foram adiados pela Petrobras. Entendemos que houve alguns motivos de natureza política, mas no âmbito de toda esta nova agenda que hoje existe, é possível trabalhar em conjunto — ressaltou o ministro boliviano.

O assunto será discutido, nos dias 17 e 18 de outubro, em reunião, na Bolívia, entre representantes da Petrobras e dos governos dos dois países. A produção de gás ocorre, principalmente, nos campos de San Alberto e San Antônio, mas o ministro disse que há outras áreas a serem exploradas.

"Fundo do poço"
A produção de gás natural na Bolívia, segundo o próprio presidente do país, "chegou ao fundo do poço". Ele afirmou que seu governo vai investir na recuperação das reservas naturais.

Com o esgotamento das reservas, o país vizinho vem registrando quedas na produção desde 2014. A oferta da estatal YPFB caiu de 59 milhões para 37 milhões de m³ ao dia em nove anos.

O gás natural boliviano é considerado fundamental para o abastecimento do Brasil e da Argentina. O produto entra em território brasileiro por meio de um gasoduto, que tem capacidade para fornecer 30 milhões de m³ por dia.

Quase 90% das importações da Bolívia realizadas pelo Brasil são de gás. De janeiro a agosto deste ano, os gastos somaram US$ 912 milhões.

Já os argentinos tentam se livrar da dependência do gás da Bolívia a partir do ano que vem. Para isso, contam com as reservas de Vaca Muerta. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, conta com o apoio do Brasil para a construção de um gasoduto.

— A agenda energética dos nossos países tem muita complementariedade. Temos, por exemplo, as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira — disse o ministro boliviano.

Ele também propôs que o Brasil olhe para a Bolívia, quando for importar fertilizantes. Ortiz enfatizou que o Brasil poderia comprar minérios para a fabricação do produto. Ele citou ureia, cloreto de potássio e lítio como insumos importantes que a Bolívia tem a oferecer. Disse esperar uma visita de uma delegação de técnicos dos setores público e privado, para conhecer melhor as fábricas bolivianas.

— O Brasil não deveria importar apenas de países como Rússia e Canadá. Estamos muito mais próximos e poderíamos nos tornar parceiros estratégicos — afirmou.

No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi lançado um Plano Nacional de Fertilizantes, para reduzir a dependência dos importados. A gestão atual, do presidente Lula, decidiu manter o programa.

Apesar de ser um gigante do agronegócio, cerca de 85% dos adubos e defensivos agrícolas são importados. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Índia.

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