Bolsas mundiais voltam a operar no vermelho; petróleo e gás fecham em baixa
Bolsa de Nova York fechou em baixa devido à falta de avanços para um entendimento nos diálogos entre Ucrânia e Rússia
As bolsas ocidentais voltaram a operar no vermelho nesta quinta-feira (3) de olho na Ucrânia, enquanto o petróleo e o gás fecharam em queda após terem batido recordes no começo do dia.
A bolsa de Nova York fechou em baixa, sem conseguir manter o impulso da quarta-feira, devido à falta de avanços para um entendimento nos diálogos entre Ucrânia e Rússia.
O Dow Jones recuou 0,29%, o tecnológico Nasdaq perdeu 1,56% e o S&P 500, 0,53%.
"É difícil para os mercados de ações americanos manter seu impulso por causa da loucura do ambiente e da incerteza", comentou Karl Haeling, do banco LBBW.
Ucrânia e Rússia concordaram em criar corredores humanitários para evacuar civis, informaram nesta quinta as duas partes após uma segunda rodada de conversações no oitavo dia de guerra.
Enquanto isso, após uma recuperação da quarta, as principais bolsas europeias fecharam em queda. Londres recuou 2,57%; Frankfurt, 2,16% e Paris, 1,84%. Madri também fechou no vermelho (-3,72%), assim como a bolsa de Milão (-2,35%).
Na Ásia, a bolsa de Tóquio registrou alta de 0,7% e a de Hong Kong, de 0,55%, mas a de Xangai fechou em queda de 0,09%.
"As bolsas voltam a operar no vermelho nesta quinta", disse Craig Erlam, analista na OANDA. "Qualquer repique que vemos (...) parece que se deve mais à esperança do que à realidade e, como estamos vendo hoje, não dura", acrescentou.
Com novas sanções contra a Rússia no horizonte, "tenho dificuldade em ver que a sensação nos mercados vá melhorar drasticamente em um futuro provável", afirmou Erlam.
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Na quarta, os mercados americanos registraram alta após aplaudir o discurso tranquilizador do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, sobre as próximas altas nas taxas de juros.
Frente a eventos "muito incertos" na Ucrânia, Powell destacou que o Fed mostrará "grande flexibilidade", dependendo das perspectivas mutáveis da maior economia do mundo.
Mas para os mercados, "espera-se que a volatilidade se mantenha alta em meio aos bombardeios e possíveis novas sanções contra Moscou", afirmou John Plassard, especialista em investimentos na Mirabaud.
As consequências das sanções ocidentais para a economia russa levaram as agências se classificação Fitch, Moody's e S&P Ratings a rebaixar drasticamente nesta quinta a nota da dívida russa.
Os dois maiores grupos automobilísticos mundiais, Toyota e Volkswagen, anunciaram nesta quinta a suspensão de sua produção na Rússia.
A gigante sueca de móveis para montar, Ikea, também anunciou nesta quinta a suspensão de suas atividades na Rússia e em Belarus por causa da invasão da Ucrânia, o que afeta 15.000 funcionários, 17 lojas e três fábricas.
O céu é o limite para as commodities
Enquanto isso, os preços da maioria das matérias-primas não pararam de subir nesta quinta, especialmente os produtos agropecuários e os metais.
Os preços do petróleo caíram nesta quinta, após atingirem valores máximos desde 2008 durante a sessão.
O barril de Brent do Mar do Norte chegou a ser cotado a 119,84 dólares na abertura em Londres, beirando os 120 dólares, que seria um máximo desde 2012. Fechou em queda de 2,18%, a 110,46 dólares.
O West Texas Intermediate (WTI), enquanto isso, alcançou 116,57 dólares em Nova York, um novo máximo desde setembro de 2008, antes de cair para 107,67 dólares, em baixa de 2,64% com base no preço do fechamento de quarta-feira.
Informações da imprensa sobre um acordo com o Irã "nos próximos dias" sobre seu programa nuclear fizeram cair os preços do petróleo, comentou Giovanni Staunovo, analista do banco UBS, entrevistado pela AFP.
O gás natural alcançou um valor recorde na Europa às 08H00 GMT (05h de Brasília), em 198 euros por equivalente de megawatt/hora no TFF holandês, situando-se depois a 113 euros o megawatt/hora.
Entre os metais, o zinco superou os 4.000 dólares por tonelada, o nível mais alto desde 2007, enquanto o alumínio se manteve perto de seu máximo histórico e o níquel registrou alta de mais de 5%.
O maior grupo europeu de transporte aéreo, a Lufthansa, por sua vez, registrou queda de 8,18% e destacou, durante a apresentação de seus resultados, que a guerra na Ucrânia é fonte de "grande incerteza" para o setor.
Quanto às divisas, o euro continuava frágil perante o dólar americano, a US$ 1,1046.
Enquanto isso, o rublo voltou a perder 4,5% perante o dólar.
O bitcoin também perdeu terreno (-3,84%), após o salto registrado nos dias anteriores, a 42.380 dólares.