Bolsonaro diz esperar fechar pacote econômico até sexta-feira
Bolsonaro disse que o governo continuará 'fazendo o possível' para a recuperação econômica diante da pandemia do novo coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite desta terça-feira (25) que espera que até sexta-feira (28) o governo consiga fechar o pacote econômico e social cujo anúncio era esperado para horas antes.
Ao participar da abertura do congresso da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Bolsonaro disse que, apesar da longa reunião que teve nesta tarde com a equipe econômica, o governo ainda não havia conseguido chegar a um consenso sobre temas como, por exemplo, o valor da prorrogação do auxílio emergencial concedido a informais.
"Pretendemos prorrogar até o final do ano, não com este valor que está aí, que pode até ser pouco para quem recebe, mas é muito para quem paga. Quem paga somos todos nós. E não é dinheiro que o governo tem. Isso vem de endividamento. Então, estamos negociando", disse Bolsonaro sobre o auxílio no valor de R$ 600 mensais.
De acordo com o presidente, na reunião da tarde de terça, "demos mais um passo no tocante a isso daí".
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"Acreditamos que teremos mais um endividamento, não na ordem de R$ 50 bilhões por mês, como é este auxílio emergencial no momento, de R$ 600, mas diminuir um pouco este valor para ver se a economia pega. Nós temos que pegar. A economia tem que pegar", afirmou.
Bolsonaro disse que o governo continuará "fazendo o possível" para a recuperação econômica diante da pandemia do novo coronavírus e que "todos nós estamos no mesmo barco. Se a economia vai mal, o país inteiro vai mal".
"Outras coisas foram discutidas, logicamente não batemos o martelo ainda. A gente espera que até sexta-feira esteja quase tudo definido para darmos mais uma ajuda que é uma obrigação nossa. É obrigação nossa ajudar o Brasil a sair da crise que ainda temos e venhamos então voltar à normalidade."
Um dos itens que precisa ser definido é o Renda Brasil. Em reunião na segunda-feira (24), o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia dito a Bolsonaro que o novo programa social do governo só terá benefício médio superior a R$ 300 se as deduções do IR (Imposto de Renda) da pessoa física forem extintas.
Para a reformulação do Bolsa Família, que passará a se chamar Renda Brasil, Guedes apresentou propostas de parcelas entre R$ 240 e R$ 270, a depender do desenho da assistência e da extinção de outros programas. Bolsonaro pressiona para que o valor chegue a pelo menos R$ 300.
O presidente pediu que dois benefícios fiquem nesse valor: a prorrogação do auxílio emergencial a informais, que hoje paga R$ 600 por parcela, e o Renda Brasil.
Um conjunto de medidas sociais e econômicas seriam anunciadas nesta terça, mas a equipe do governo não conseguiu finalizá-las.
Pela manhã, o presidente apenas assinou uma medida provisória que cria o programa "Casa Verde e Amarela", em substituição ao "Minha Casa Minha Vida", iniciativa de oferta de habitações populares lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
No evento da Abrasel, Bolsonaro ouviu agradecimentos de Paulo Solmucci, presidente da associação, mas também cobrança para recuperar o setor, fortemente atingido pela pandemia de Covid-19.
"Está na hora de o país reconhecer que a conta maior ficou para alguns poucos e tratar de maneira diferenciada", disse o anfitrião na reunião que foi fechada à imprensa, mas transmitida por uma rede social e pela TV pública.
"Nós não merecemos pagar a conta sozinhos. Já pagamos ela pelo conjunto de erros. Acho que os perfeitos erram e erram demais. Mas o fato é que nós precisamos de ajuda", afirmou Somucci.
Em seu discurso, Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia. Disse que "lamentamos as 115 mil mortes, bem como outras milhares de mortes por outras causas", que o pânico por causa da doença "foi potencializado por grande parte da mídia" e criticou a atuação de governadores que fecharam o comércio em seus estados para tentar conter a disseminação do vírus.
"Não adianta correr. Temos que enfrentar, poxa. Eu não sei que geração é a nossa. Não a nossa, que eu estou com 65 [anos]. Essa mais jovem que está aí que não enfrenta os problemas. Se você ficar dentro da toca, tu vai morrer. Você vai ter que atirar", disse o presidente.
Ao falar dos efeitos econômicos da doença, disse que a falta de emprego leva a depressão e morte e relatou ter começado a trabalhar aos 10 anos de idade, em um bar no Vale do Ribeira (SP).
"E bons tempos, né, onde menor podia trabalhar. Hoje ele pode fazer tudo, menos trabalhar, inclusive cheirar um paralelepípedo de crack, sem problema nenhum", afirmou Jair Bolsonaro.