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BRASIL

Bolsonaro, Guedes, entidades: quem acertou projeções sobre o PIB feitas em 2022

Números divulgados nesta quinta-feira vieram um pouco abaixo das expectativas; analistas previam em média uma alta de 3%

Foto: Pixabay

A economia brasileira cresceu 2,9% em 2022, mesmo com uma queda do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) no último trimestre do ano passado. Os dados foram divulgados pelo IBGE nessa quinta-feira (2) e ficaram um pouco abaixo das expectativas, após analistas preverem uma alta de 3%.

Os números, porém, estão próximos das estimativas feitas pelo governo federal ao longo do ano passado. Semanas antes das eleições, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, abriu uma apresentação que fez na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) afirmando que o Brasil, até a ocasião, “já cresceu 2,6%, podendo chegar a 3%”.

Em novembro, após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro nas eleições, a Secretaria de Política Econômica (SPE) foi mais conservadora e avaliou que o crescimento do PIB estaria “entre 1,4% e 2,9%”, o que, na ocasião, estava acima das projeções de bancos e entidades especializadas, embora tratava-se de uma estimativa com ampla margem de erro.
 

Em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro do ano passado, Bolsonaro afirmou que a economia do Brasil chegou ao fim de 2022 “em plena recuperação” — embora a alta no terceiro semestre tenha sido de apenas 0,4%. Na época, porém, a mais recente projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) previa um crescimento de 1,7% em todo o ano.

O órgão faria uma nova estimativa em outubro, antes do segundo turno das eleições. O fundo publicou a expectativa de que o PIB brasileiro crescesse 2,8%, ficando, ainda assim, abaixo da média global e da esperada para mercados emergentes e economias em desenvolvimento. O percentual era superior à estimativa anterior, feita em junho, que previa um crescimento de 1,7%.

Em dezembro, o próprio Banco Central havia projetado uma alta do PIB de 2022 em 3,05%, mantendo as estimativas mais recentes na ocasião.

Assim como fez neste ano, o atual presidente e então candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva disse, em junho do ano passado, que ninguém “recebe aumento de salário porque o PIB cresceu” e que “nem sempre o PIB crescer significa mais emprego”. As falas ocorreram horas depois da divulgação da expansão de 1% do PIB no primeiro trimestre de 2022. Pouco antes do segundo turno, Lula voltou a mencionar o indicador, dizendo que a variação seria a referência para estabelecer o aumento no salário mínimo.

Medidas do governo
Em 2022, o avanço da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,2%) e na indústria (1,6%), que juntos representam cerca de 90% do PIB. Por outro lado, a agropecuária recuou 1,7% em 2022, devido ao forte recuo na produção de soja, que representa quase metade da produção de grãos nacional.

O setor de serviços foi beneficiado pelo efeito da reabertura da economia após a pandemia, quando havia uma demanda reprimida, especialmente por famílias de mais alta renda, que se viram impedidas de gastar com as restrições à circulação. Medidas de estímulos por parte do governo, como a liberação de saques do FGTS e o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, que visavam a ampliar a popularidade do então presidente Jair Bolsonaro, também contribuíram para sustentar o consumo e impulsionar o setor.

Desonerações e auxílios para as famílias "têm efeito direto na economia", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, 83% do crescimento do ano passado vieram dos serviços.

— Tínhamos um gap muito grande, com uma demanda reprimida, mas com maior poupança. As famílias que têm maior renda e demandam serviços puderam gastar esse dinheiro — apontou Rebeca.

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