Economia

Bolsonaro vai com ministros a posto de gasolina e comemora redução dos preços

O posto visitado por Bolsonaro funcionava uma casa de câmbio, que era utilizada para lavar dinheiro e distribuir propinas

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro foi a um posto de gasolina em Brasília, nesta sexta-feira, para comemorar a redução do preço dos combustíveis, ao lado dos ministros Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia).

Nos últimos meses, a redução nos preços de combustíveis tornou-se um dos focos de Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para as eleições deste ano. Uma das apostas do presidente foi a criação de um teto do ICMS que incide sobre o item. Ao mesmo tempo, o presidente pressionou por mudanças na Petrobras, por ter ficado irritado com os sucessivos reajustes de preço.

— Eu acho que com a diretoria antiga (da Petrobras) a gente não esperaria diminuir esses R$ 0,20 agora, e faz a diferença R$ 0,20 centavos — disse o presidente.
 

Sachsida também ressaltou que o posto cumpriu o decreto que obriga a divulgação do preço anterior à imposição do teto de ICMS, uma forma do governo ressaltar a queda no preço.

O posto visitado por Bolsonaro e pelos ministros está na origem da investigação da Operação Lava-Jato. No local, funcionava uma casa de câmbio, que era utilizada para lavar dinheiro e distribuir propinas.

Durante a visita, Sachsida comentou um decreto publicado nesta sexta, que adia o prazo para distribuidoras de combustíveis comprovarem o cumprimento da meta de compra de créditos de descarbonização (os chamados CBIOs).

O decreto que a meta de cada ano terá que ser comprovada até 22 de março do ano seguinte. Excepcionalmente, a de 2022 poderá ser comprovada até setembro de 2023. De acordo com o ministro, isso pode gerar uma queda de R$ 0,10 no preço do combustível.

— A medida que nós tomamos hoje vai abaixar em mais 10 centavos. Dessa vez vai abaixar o diesel, hein. Então, boa notícia. Até 10 centavos a menos no diesel e até 10 centavos a menos na gasolina.

Importação de diesel
Bolsonaro foi questionado sobre a dificuldade de importação de diesel da Rússia — que ele anunciou na semana passada como se estivesse certa — e respondeu que o Brasil está em contato com “vários outros países”.

— Estamos (tratando) com vários outros países, Sachsida sabe melhor do que eu, vários outros países contactados para a gente comprar o diesel mais barato.

De acordo com o ministro, o Itamaraty fez uma relação de países que não possuem sanções econômicas, e que agora o governo está entrando em contato com cada um.

— Quero aproveitar para agradecer o Ministério das Relações Exteriores. O que nós fizemos foi entrar em contato com o Ministério das Relações Exteriores e perguntar em quais países existem restrições e sanções internacionais. Todos os países que não possuem sanções internacionais as embaixadas brasileiras estão entrando em contato e verificando a possibilidade de importação.

Os dois não deixaram claro, no entanto, se o governo desistiu da compra da Rússia, atingida por sanções dos Estados Unidos e países europeus.

Bolsonaro também afirmou que o contato com o presidente Russo Vladmir Putin está “dez, excelente” e que não irá aderir a sanções econômicas em razão da guerra contra a Ucrânia.

— Lógico, o Brasil é um país importantíssimo. Nós não vamos aderir a essas sanções econômicas, continuamos em equilíbrio. (...) Repito, nosso contato com o presidente Putin está dez, excelente.

O presidente também disse que manteve uma “posição de estadista” na conversa que teve com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no início da semana.

— Ele desabafou muita coisa. Eu não retruquei, mantive aí a posição de estadista — afirmou.

Corte pode chegar a R$ 8 bi
Bolsonaro também indicou que o corte no Orçamento preparado pelo governo pode chegar a R$ 8 bilhões. O cálculo feito pelo Ministério da Economia apontou para a necessidade de um corte superior a R$ 5 bilhões.

— A gente não quer cortar nada, se eu não cortar eu entro na Lei de Responsabilidade Fiscal. Agora, é duro trabalhar com um orçamento desse, engessado. Temos esse corte extra chegue a quase R$ 8 bilhões. Entra aí a questão dos precatórios, entra abono, entra a questão do financiamento da agricultura também — afirmou.

O novo corte de verbas vai ocorrer às vésperas das eleições e criou uma tensão no governo, já que diversos ministérios estão reclamando de falta de recursos para a execução de seus projetos.

O bloqueio previsto por integrantes da equipe econômica ocorre por conta do teto de gastos, a regra que impede o crescimento das despesas federais acima da inflação. Como as despesas totais são limitadas pelo teto, quando um gasto obrigatório sobe mais que o previsto no Orçamento, é necessário bloquear despesas não obrigatórias (essencialmente investimentos e custeio da máquina pública).

Veja também

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês
Dólar

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee
Falha no sistema

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Newsletter