NEGÓCIOS

Bradesco espera que negociação com Americanas termine em junho

Presidente do banco, Octavio de Lazari Jr., disse que negociação caminham para desfecho razoável

Banco BradescoBanco Bradesco - Foto: Divulgação

O Bradesco espera que, até junho, seja fechado um acordo entre a Americanas e seus credores. O Bradesco é um dos maiores credores da varejista, com dívida de R$ 4,9% bilhões, que já foi provisionada em 100% pelo banco no balanço do quarto trimestre do ano passado. O Bradesco, entretanto, ainda não sabe quanto vai recuperar dessa dívida.

O presidente da entidade, Octavio de Lazari Jr. afirmou que as negociações estão na mesa e caminham para um desfecho razoável. A Americanas entrou em recuperação judicial, com dívidas de R$ 43 bilhões.

"Não sabemos quanto vamos recuperar dos débitos. O ideal seria recuperar 100% do que foi provisionado (R$ 4,9 bilhões). Mas a negociação está na mesa. Os bancos não são os únicos credores, há debenturistas, fornecedores, assets, fundos, portanto é difícil. Tem que procurar equilibrar e acomodar todo mundo. A negociação tem que ser satisfatória. Não será o melhor acordo para todos, mas é preciso chegar naquilo que seja razoável" afirmou Lazari durante apresentação de resultados do primeiro trimestre do banco, que teve lucro de R$ 4,3 bilhões no período, queda de 37,3% na comparação anual e alta de 0,4% em relação ao trimestre passado.

O plano de recuperação judicial da Americanas propôs condições diferentes aos credores financeiros. Há opção de aceitarem um corte de no mínimo 70% da dívida em um leilão reverso. Ou seja, nesse caso, o credor que aceitar um corte maior pode reaver parte dos recursos.

Em outra possibilidade, a Americanas propõe a conversão de R$ 10 bilhões em dívida através de uma capitalização. Nesse caso, o credor financeiro aceitaria um corte de 60% de sua dívida. Essa operação é combinada ainda com uma operação de recompra de dívida.

Os acionistas de referência da Americanas, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, mostraram disposição de desembolsar R$ 12 bilhões (R$ 10 bilhões à vista e mais duas parcelas de R$ 1 bilhão nos próximos dois anos).

Para as principais instituições financeiras credoras, os R$ 20 bilhões em inconsistências financeiras descobertos na contabilidade da varejista indicam que houve fraude contábil.

O caso Americanas elevou a percepção de risco no mercado e enxugou a oferta de crédito a empresas. No primeiro trimestre, reduzindo a taxa de aprovação de novos empréstimos. Para pessoas físicas consideradas de maior risco, a oferta de crédito caiu 36,8% na comparação anual.

Já para empresas consideradas de maior risco, a redução foi de 45%. Isso resultou numa média de 43% a menos na comparação com o mesmo trimestre de 2022.

O banco focou nas linhas de crédito com menor risco e no período a carteira de crédito do Bradesco atingiu R$ 879,3 bilhões no primeiro trimestre, crescimento anual de 5,4%, mas ainda abaixo do piso da expectativa do banco, que prevê expansão de 6,5% em 2023.

"E no caso de pessoas jurídicas, o apetite por crédito diminui com os juros elevados. A expectativa dos agentes econômicos é que este cenário comece a mudar e as empresas vão esperar" disse Lazari.

A taxa de inadimplência no Bradesco subiu no primeiro trimestre, tanto para pessoas físicas quanto empresas, considerando prazo acima de 90 dias. Para pessoas físicas, subiu de 5,5% para 6,3%. Para grandes empresas, avançou de 4,3% para 5,1% e nas pequenas e micro, foi de 5,3% para 6,2%.

Lazari, entretanto, acredita que essa inadimplência esteja próxima ao pico de crescimento. Segundo ele, as rolagens de dívidas de empresas, por exemplo, estão andando.

O Bradesco provisionou no primeiro R$ 9,5 bilhões, um crescimento anual de 97% e na comparação com o trimestre anterior de 36%.

Os analistas do Itaú BBA consideraram fracos os resultados Bradesco, mesmo com o lucro tendo vindo acima das expectativas do mercado, que eram de R$ 3,5 bilhões.

Segundo eles, as métricas da qualidade de crédito se deterioraram, as receitas totais do banco caíram 4% no período, enquanto as receitas com serviços encolheram 3%.

"Mantemos nossa classificação de baixo desempenho", diz o relatório do Itaú BBA.

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