Bradesco pede que Kroll, empresa de segurança cibernética, faça perícia de e-mails da Americanas
Banco solicita à Justiça de São Paulo intimação da Microsoft
Em uma nova ação na Justiça de São Paulo, o Bradesco faz novos ataques a Americanas. Na petição, o banco, um dos credores da varejista, questiona "a quem interessa o silêncio?".
Na ação, enviada ontem à Justiça paulista, o banco diz que a Americanas "não pode agir em favor dos administradores, tampouco dos controladores sobre os quais pendem as suspeitas de todo um país".
Como parte do processo que exige a produção antecipada de provas, o banco pede, agora, que a Microsoft, provedora do servidor da companhia, seja oficiada para que deposite em juízo todas as caixas de e-mail para que fiquem à disposição do perito ou para a retirada "in loco" pelo perito, acompanhado de Oficial de Justiça de plantão, de cópia de todas as caixas de e-mails de mais de 40 executivos da companhia, além de representantes do comitê de auditoria e conselho fiscal na última década.
Além disso, o banco quer que a Americanas viabilize, no prazo de 72 horas, o ingresso da Kroll, uma empresa de consultoria e segurança cibernética, nas suas dependências "para que todos os documentos solicitados pelo perito sejam devidamente extraídos para a realização das perícias".
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O banco pede também à Justiça que sejam oficiadas as empresa PwC e KPMG, responsáveis pela auditoria da Americanas nos últimos dez anos, para que sejam preservem, sob pena de responsabilização, toda a correspondência física e eletrônica.
A nova ação do Bradesco reflete a negativa da Justiça do Rio que não aceitou o pedido de busca e apreensão de documentos na varejista. O Bradesco é um dos maiores credores da Americanas, com cerca de R$ 4,7 bilhões. Além disso, era uma das instituições garantidoras dos empréstimos feitos pelo BNDES à varejista.
O Bradesco diz na ação que a "resistência da Americanas na apresentação dos documentos que serão periciados só faz evidenciar ainda mais a necessidade de cumprimento imediato da determinação" feita pela Justiça de São Paulo.
Ao destacar que a Americanas tem o dever de apontar da forma mais ampla possível todos os responsáveis pelos prejuízos que lhe foram causadoss, "sobre os quais há forte indicação de ilicitude". O Bradesco diz ainda que Americanas tem como objetivo "explícito" proteger os administradores e acionistas. "Essa é a única explicação à resistência obstinada da Americanas à realização das perícias determinadas, as quais, vale dizer, não trazem um único prejuízo à companhia, muito ao contrário".
O banco ainda afirma que não se pode admitir que a Americanas "seja manejada por seus controladores e administradores para, militando contra seus próprios interesses sociais, impedir que os credores busquem os responsáveis" pela revelação da inconsistência contábil de R$ 20 bilhões revelada pelo então presidente Sergio Rial. Dias depois da revelação, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial e dívidas acima de R$ 41 bilhões e mais de 7 mil credores.