Bradesco projeta encerrar o ano com redução de até 400 agências
Caso o corte se concretize, o banco terá fechado quase 1.500 agências desde o primeiro trimestre do ano passado
O Bradesco projeta encerrar o ano com uma redução de até 400 agências em comparação com 2020, afirmou o presidente da instituição, Octavio de Lazari, nesta quarta-feira (5).
Caso o corte se concretize, o banco terá fechado quase 1.500 agências desde o primeiro trimestre do ano passado, quando a pandemia do coronavírus começou a se intensificar no Brasil.
Segundo o relatório do banco divulgado na véspera, o Bradesco encerrou o primeiro trimestre deste ano com 3.312 agências. O número corresponde a uma redução de 83 pontos físicos em relação ao trimestre anterior e uma queda de 1.088 em comparação ao observado nos três primeiros meses do ano passado.
A redução responde tanto por um fechamento quanto pela conversão de agências em unidades de negócios -que normalmente têm custos de 30% a 40% menor.
"Somos um banco de praticamente 80 anos e temos agências de mil ou dois mil metros quadrados. E diante do cenário [de maior digitalização] os espaços necessários para atender os clientes confortavelmente podem ser bem menores", afirmou Lazari em teleconferência com jornalistas.
O movimento vem em linha com um plano de reestruturação de despesas do banco iniciado no ano passado, e acompanha o processo de maior digitalização e competitividade do sistema financeiro.
A redução de agências também pode ter influência no quadro de funcionários. O banco encerrou o primeiro trimestre deste ano com 88.687 funcionários -número quase 9% menor do que o registrado em igual período de 2020 e que responde pela demissão de mais de 8,5 mil pessoas.
"Em relação ao time, fizemos o que precisava ser feito. Temos áreas agora que estão contratando muita gente, principalmente em TI [tecnologia da informação] e analytics [área que usa dados e análises para ajudar na tomada de decisão e no relacionamento com o cliente].
Podemos ainda ter alguns ajustes, mas não vemos nenhuma mudança significativa para este ano. O foco é sempre adequar o custo de serviço aos resultados do banco", disse Lazari.
As despesas operacionais totais do banco ficaram em R$ 11,2 bilhões no primeiro trimestre, uma redução de 4,7% em comparação a igual período de 2020 e de 2,4% em relação aos três meses imediatamente anteriores.
O Bradesco divulgou os resultados do primeiro trimestre na terça-feira (4), depois do fechamento do mercado. O lucro do banco registrou alta de 73,6% na comparação anual, para R$ 6,5 bilhões.
O avanço foi resultado de uma redução nas reservas contra calotes, na melhora da carteira de crédito e inadimplência controlada diante da prorrogação de parcelas e das renegociações feitas pelo banco no ano passado para tentar conter os impactos da crise do coronavírus.
Apesar do resultado positivo, no entanto, o presidente do banco não descarta a possibilidade de um aumento da inadimplência ao longo de 2021.
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O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,5% no período, uma redução de 1,2 p.p. (ponto percentual) em relação a igual trimestre de 2020 e um aumento de 0,3 p.p. em comparação aos três meses imediatamente anteriores.
Já os atrasos entre 15 a 90 dias ficaram em 3,2% -uma redução de 1 p.p. em comparação ao primeiro trimestre de 2020 e um aumento de 0,4 p.p. em relação aos três meses anteriores.
"Todos os nossos modelos para calcular perda esperada foram redimensionados e agravados por conta do cenário de pandemia que estamos vivendo, e fizemos as provisões que entendemos necessárias ao longo de 2020 para suportar o momento de maior inadimplência que prevíamos", afirmou Lazari.
Com novo vencimento das dívidas chegando e uma redução do auxílio emergencial este ano, no entanto, o executivo não descarta novos aumentos de inadimplência.
"Mas entendemos que estamos muito bem provisionados e preparados para a inadimplência que poderá vir. Ela deve crescer um pouco ainda, mas deve voltar aos patamares que observamos em 2019, de cerca de 4,2%, ou até níveis mais baixos a depender da retomada da economia", disse.
O executivo também falou sobre a nova parceria com o WhatsApp para que seus clientes possam fazer pagamentos por meio do aplicativo de mensagens. Segundo Lazari, apesar de a tendência ser de que o novo modelo morda um pedaço das receitas do banco com tarifas e prestação de serviços, o movimento é positivo.
"Como o WhatsApp é bastante difundido, é natural que haja um volume maior de transações. Mas isso faz parte da concorrência e já estava nos nossos radares. Cabe a nós buscarmos outras fontes de receita para fazer frente a essa redução, e a tendência é que tentemos ganhar escala para substituir naturalmente essa perda de receita", afirmou Lazari.
Sobre o cenário macroeconômico, Lazari afirmou que toda a retomada econômica depende do plano de vacinação do país.
O Brasil ainda está atrasado na imunização das pessoas em relação a outros países. Sem vacinas suficientes para toda a população, o governo brasileiro iniciou uma operação internacional para tentar acessar excedentes de imunizantes em outros lugares do mundo.
"O ponto central para que o cenário melhore ou piore é a vacinação. Na medida em que a vacinação acontecer e as pessoas estiverem protegidas, as coisas vão começar a voltar ao normal", disse Lazari.
"Assim, outros pontos importantes também devem vir, como as reformas tributária e administrativa, o Banco Central definindo taxas de juros e outros ingredientes que fazem com que a economia melhore. Os sinais são positivos, mas tudo ainda depende da vacinação."