Crise

Bradesco quer impedir membros dos conselhos de administração e fiscal da Americanas de vender bens

Ações na Justiça incluem responsabilização de pessoas eventualmente envolvidas na suposta fraude na varejista

Lojas AmericanasLojas Americanas - Foto: Mauro Pimentel / AFP

O Bradesco, um dos maiores credores das Americanas, protocolou nesta quarta-feira (1º) na Justiça de São Paulo dois novos processos nos quais pede que os membros do conselho de administração e do conselho fiscal da varejista sejam impedidos de se desfazer de seus bens pessoais. O banco tem a receber cerca de R$ 4,7 bilhões da companhia, que está em recuperação judicial.

A medida solicitada pelo Bradesco, o protesto contra a alienação de bens, segue o mesmo padrão de um requerimento anterior, de 23 de fevereiro, em que o banco busca impedir o trio de acionistas de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles —de alienar bens pessoais.

O banco argumenta haver "grande possibilidade de controladores, administradores e fiscais responderem pessoalmente por dívidas da Americanas diante da condução dos negócios da companhia, principalmente relacionada à elaboração de demonstrações financeiras contendo inconsistências contábeis e à consequente distribuição irregular de dividendos". Em outras palavras, o Bradesco busca fazer com que as pessoas físicas o ressarçam.

São citados em um dos processos todos os membros do conselho de administração da Americanas, à exceção do acionista Carlos Sicupira, que já é alvo de ação similar do banco. Estão arrolados os três membros do conselho indicados pelo trio que controla a varejista: Cláudio Moniz Barreto Garcia, Eduardo Saggioro Garcia e Paulo Alberto Lemann. Os três membros independentes do órgão (Mauro Muratorio Not, Sidney Victor da Costa Breyer e Vanessa Claro Lopes) também são citados na ação.

Em outro processo com o mesmo formato e os mesmos pedidos, também iniciado nesta quarta-feira, o Bradesco cita Carlos Alberto de Souza, Pedro Carvalho de Mello, Peter Cortês Marsden Wilson, Ricardo Scalzo e Vicente de Castro Ferreira. Segundo a petição, todos foram membros efetivos do conselho fiscal da Americanas ou da antiga B2W nos últimos dez anos.

Nas novas ações, o banco volta a afirmar que o caso pode ser "a maior fraude contábil da história do Brasil". Afirma também que seus créditos eram "em operações quase que integralmente desprovidas de garantia de qualquer natureza, o que somente ocorreu em razão de a Americanas sempre ter tido no mercado a fama de boa pagadora e um excelente balanço (que agora se revelou fraudulento)".

Na mesma linha, a petição do Bradesco, assinada pelo escritório Warde Advogados, ressalta que "não é crível" que a companhia ignorasse um déficit de cerca de R$ 20 bilhões e que os conselheiros "serão responsabilizados (...) mediante desconsideração da personalidade jurídica".

O Bradesco afirma que a "provável fraude se deu mediante a elaboração falsa das demonstrações financeiras da companhia (Americanas) ano após ano" e que "diretores, fiscais, conselheiros, auditores e acionistas controladores" da varejista teriam permitido que a suposta fraude fosse cometida.

A instituição financeira questiona, ainda, que durante os últimos dez anos, período em que o rombo na Americanas foi se acumulando, a empresa pagou mais de R$ 700 milhões de remuneração a seus administradores e distribuiu, ainda, R$ 1,8 bilhão. "Tudo isso favoreceu aqueles que são os arquitetos (por ação ou omissão) das tais inconsistências contábeis."

Veja também

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app
trabalhadores

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app

Desenvolvimento da IA não pode depender de "caprichos"do mercado, alertam especialistas da ONU
Inteligência Artificial

Desenvolvimento da IA não pode depender de "caprichos"do mercado, alertam especialistas da ONU

Newsletter