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Brasil avança nos mercados de carne halal: entenda o que garante esse selo

Produção seguindo princípios islâmicos ajudou exportações a países da Liga Árabe atingirem recorde de US$ 23,6 bi em 2024

Carne de frango congelada para exportação com certificado halal Carne de frango congelada para exportação com certificado halal  - Foto: Fambras-Halal/Divulgação

As exportações brasileiras de produtos com certificação halal ganharam força em 2024, ano em que cerca de 50 novas empresas receberam habilitação para atender a esse mercado, estimado em US$ 1,4 trilhão e com 1,9 bilhão de consumidores no mundo. Produtos halal são aqueles que são feitos seguindo princípios da lei islâmica, com base em critérios como origem dos ingredientes, métodos de abate e higiene.

De acordo com balanço do projeto Halal do Brasil, mantido pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), as exportações brasileiras para os países da Liga Árabe atingiram o segundo recorde consecutivo em 2024, somando US$ 23,68 bilhões, com alta de 22,41% sobre o ano anterior. Na pauta, estão produtos como carne de frango, bovina, açúcar, grãos, café e mate.

 

O crescimento acompanhou também a abertura de novos países para o produto halal brasileiro. Foram nove novos mercados (Zâmbia, Honduras, São Vicente e Granadinas, Síria, Áustria, Romênia, Vanuatu, Martinica e o território britânico caribenho das Ilhas Turcas e Caicos) elevando para 156 o total de países alcançados pelo projeto.

— Com o passar dos anos, o modo de produção halal transcendeu o mundo árabe e islâmico e passou a ser considerado um selo de qualidade, adotado também por pessoas não mulçumanas, que buscam consumir um alimento de maior qualidade, produzido com melhores práticas de bem-estar animal — afirma o secretário-geral da CCAB, Mohamad Orra Mourad.

Além dos protocolos religiosos, como a necessidade de o abate ser feito por uma pessoa mulçumana com o animal posicionado em direção a Meca, o método halal também inclui aspectos sanitários e éticos. É exigido, por exemplo, que a morte do animal seja instantânea, realizada com um instrumento de corte afiado o suficiente para evitar seu sofrimento.

E nesse sentido, as habilitações halal têm sido um passaporte para acessar mercados com melhores preços. Segundo Mourad, “é um selo que abre portas não só para países árabes, mas também para América do Norte, Europa, Austrália, Nova Zelândia” e o próprio mercado brasileiro, “porque agrega valor e é possível cobrar a mais por isso.”

A indústria de doces Da Colônia, do Rio Grande do Sul, obteve a certificação halal e os primeiros negócios com países islâmicos foram fechados no fim do ano passado.

—Ter o certificado não é garantia de que você vai exportar, mas ele é fundamental, para abrir portas e demonstrar que seguimos padrões de produção — afirma o gerente de exportação da empresa, Juliano Canato, que prevê alcançar um faturamento anual de US$ 10 milhões atendendo a esse mercado.

200 toneladas de ração
Outra empresa brasileira que estreará no mercado halal é a Danês, de ração animal, segmento que não necessita de certificação.

— Identificamos que ter o selo halal seria um diferencial — diz o diretor Rodrigo Begalli, que prevê embarques mensais de 200 toneladas mensais a países árabes.

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