Brasil cai no ranking de competitividade global, mostra estudo da Firjan
País passou da 40ª posição para 46ª. Indicadores sobre a eficiência do Estado foram os que mais pioraram em dez anos
O Brasil piorou ranking de competitividade global nos últimos dez anos. O Índice da Federação da Indústrias do Estado do Rio (Firjan), divulgado nesta quarta-feira, mostra que, entre 66 países, o país caiu da 40ª posição para 46ª em 2023. Houve retrocesso em três dos quatro grupos de indicadores acompanhados pelo índice.
O Brasil recuou em eficiência do estado, infraestrutura e ambiente de negócios. Só melhorou em capital humano, mesmo assim perdeu posições, já que outros países avançaram mais rapidamente que o Brasil.
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Os indicadores de eficiência do estado são os piores. Nesse grupo, são avaliados o controle da corrupção, a qualidade dos serviços públicos, grau de protecionismo e se há tarifas discriminatórias. Também são avaliadas a percepção sobre o respeito aos contratos e o funcionamento do Judiciário. Na categoria, o Brasil ocupa a 52ª posição. A qualidade dos serviços públicos só é superior a sete países.
— Brasil está entre os oitos piores, ocupando a 56ª posição, ultrapassado por Índia e África do Sul, na eficácia do Estado. Quando olha eficiência do estado como um todo, o Brasil piorou no quesito controle da corrupção, nas tarifas e na proteção excessiva. A China, por exemplo, tem aumentado a participação das suas exportações no mundo e o Brasil acabou gerando novas tarifas protecionistas — afirma Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
Outro item da eficiência do estado que também foi mal avaliado é a confiança e o respeito às regras estabelecidas, o respeito aos contratos e a ação do Judiciário.
— O Brasil vem perdendo nessas áreas. A contrato de concessão da Linha Amarela ilustra bem esse contexto (em 2019, o então prefeito do Rio Marcelo Crivella rompeu unilateralmente o contrato com a concessionária Lamsa e mandou tratores derrubarem a praça de pedágio).
Na infraestrutura, outro grupo de indicadores do estudo, o Brasil também não vai bem e retrocedeu nos últimos dez anos. Um exemplo é o tempo em que é instalada energia elétrica em um novo negócio. Aqui, demora 128 dias, muito acima da Índia, por exemplo, que demora 53 dias.
—São dois países que estão na mesma corrida do desenvolvimento — diz Goulart.
No ambiente de negócios, apesar de a qualidade regulatória ter melhorado nos últimos anos, afirma Goulart, ainda está distante dos pares. Nesse grupo de indicadores entram segurança urbana e estabilidade política.
Somente no capital humano o Brasil não piorou, mas o estudo mostra que nosso investimento por aluno ainda está muito aquém do necessário: US$ 3,7 mil contra US$ 22 mil da média dos cinco primeiros países do ranking (Cingapura, Suíça, Dinamarca, Finlândia e Suécia).
“Um dos graves problemas estruturais do Brasil é que as pessoas acabam não tendo acesso a uma educação de qualidade. Isso vira uma barreira para que consigam melhores postos de trabalho e um gargalo para as empresas que não conseguem mão de obra preparada para os novos tempos, à altura dos enormes desafios que as transformações tecnológicas impõem”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.