Brasil costura garantia de US$ 600 milhões a exportações para a Argentina via banco multilateral
O mecanismo de garantia foi anunciado pelos ministro Haddad e Massa após reunião com o presidente Lula
Os governos do Brasil e da Argentina chegaram nesta segunda-feira (29) a um desenho para o apoio das exportações brasileiras ao país vizinho, que irá abranger o mercado automotivo e de alimentos.
A novidade anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, passa por um aporte do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), que propôs atuar na contragarantia das exportações brasileiras, geralmente patrocinadas no âmbito do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) do Banco do Brasil.
A operação envolveria de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões, de acordo com Haddad. Nesse desenho, o BB garantiria as exportações, com contragarantia feita pelo CAF.
— É uma maneira que a CAF encontrou de restabelecer o fluxo comercial entre os dois países sem a necessidade de a Argentina abrir mão de reservas, mesmo yuan, que para eles, neste momento, é importante para as operações que têm junto à China como principal parceiro comercial da Argentina — disse Haddad, após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro argentino.
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Até o dia 14 de setembro, o banco deve dar um retorno sobre a autorização dessa operação.
Massa é candidato do governo Alberto Fernández à presidência na Argentina e a vinda dele a Brasília ocorre em meio ao agravamento da crise econômica no país. A viagem se dá semanas após a vitória de Javier Milei nas prévias das eleições presidenciais.
Haddad disse que a oferta do Ministério da Fazenda, de aceitar garantias em yuan, a moeda chinesa, continua de pé. O ministro brasileiro disse, porém, que a alternativa costurada nesta segunda seria mais vantajosa por não comprometer as reservas de yuan da Argentina.
— Quando a Argentina dispõe de reservas e yuan para garantir exportações brasileiras, oficialmente, as reservas da Argentina diminuem. E a Argentina, com apoio da CAF, não precisa abrir mão dessas reservas para garantir as exportações — disse Haddad.
O ministro argentino afirmou também que os dois países retomaram as conversas para aumentar as trocas fluviais, interrompidas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Retomamos a iniciativa conjunta de levar à diante as nossas trocar fluviais, nossa Marinha Mercante Fluvial, um processo em que o Brasil e a Argentina haviam construído ao longo de 20 anos que havia sido interrompido no governo Bolsonaro — disse Massa.