Brasil e outros 5 países pedem que EUA apoie Argentina no FMI
A Argentina está em meio a negociações para flexibilizar as restrições fiscais e monetárias do acordo de empréstimo, que já foi renegociado em 2022
Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, México e Paraguai solicitaram ao presidente dos Estados Unidos que apoie a Argentina em suas negociações com o FMI para revisar os termos de seu empréstimo de US$ 44 bilhões (R$ 210 bilhões), informou a chancelaria argentina nesta quinta-feira (22).
A Argentina está em meio a negociações para flexibilizar as restrições fiscais e monetárias do acordo de empréstimo, que já foi renegociado em 2022 pelo governo de Alberto Fernández sobre um crédito original contraído em 2018 durante a gestão de Mauricio Macri (2015-2019).
No fim deste mês, o país deverá arcar com um vencimento de US$ 2,7 bilhões (R$ 12,89 bilhões). Até agora, esses pagamentos vinham sendo realizados com os desembolsos concedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em cada revisão periódica do acordo.
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Nesse contexto, os presidentes Lula, Luis Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Andrés Manuel López Obrador (México) e Mario Abdo (Paraguai) firmaram uma carta que o governo Fernández fez chegar às mãos de Joe Biden.
"Pedimos com respeito e afeto que apoie a Argentina nas negociações que ela está levando adiante com o FMI", diz a carta, ao reivindicar "uma solução rápida e efetiva para a Argentina".
Apesar de o FMI ter aceitado em março revisar "para baixo" alguns objetivos de acumulação de reservas internacionais, ainda não se estabeleceu uma nova meta.
As reservas internacionais da Argentina situam-se em US$ 31,6 bilhões (R$ 150,8 bilhões), cerca de US$ 7,5 bilhões (R$ 35,8 bilhões) a menos que as do fechamento do mês de março, quando o FMI fez sua última revisão e desembolsou US$ 5,4 bilhões (R$ 25,78 bilhões). Contudo, os especialistas estimam que as reservas líquidas são muito menores.
A Argentina vem sofrendo nos últimos meses a pior seca no país em quase um século, o que trouxe impactos negativos para o setor agropecuário, sua principal fonte de divisas.
Os presidentes latino-americanos destacaram que, apesar das complicações pela seca, a Argentina "tem trabalhado arduamente para lidar com a dívida excepcional contraída com o FMI".
"Trata-se do maior crédito concedido na história da organização, que contou com o aval de seus principais acionistas", destacaram os presidentes.
O atual programa de facilidades estendidas, acordado em março de 2022, obriga a Argentina a aumentar suas reservas internacionais e a reduzir o déficit fiscal, de 3% do Produto Interno Bruto em 2021, para 2,5% em 2022, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.
Do montante total de US$ 44 bilhões, o país já recebeu US$ 28,9 bilhões (R$ 137,9 bilhões).