NEGÓCIOS

Brasil-EUA: Disputa entre americanos e chineses abre espaço para o Brasil

Para estrategistas americanos, país pode ampliar pauta de exportações

Os presidente da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em Pequim Os presidente da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em Pequim  - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/Presidência da República

Na semana passada, o presidente Joe Biden elevou as tarifas sobre importações chinesas, incluindo veículos elétricos, chips de computador e produtos médicos. As medidas podem levar a uma guerra comercial entre Estados Unidos e China — o que abriria uma oportunidade para o Brasil ampliar sua pauta de exportações e receber investimentos.

Essa é a opinião de Scott Jennings, estrategista do Partido Republicano, que, ao lado de Simon Rosenberg, estrategista do Partido Democrata, participou do Summit Valor Econômico Brazil-USA, em painel mediado por Flávia Barbosa, editora executiva do Globo e do Extra.

Segundo Jennings, o sentimento anti-China devido a sua atuação agressiva no comércio internacional é algo que une democratas e republicanos.

Biden manterá as tarifas impostas por seu antecessor, Donald Trump, e elevará outras, de acordo com a Casa Branca. O governo citou “riscos inaceitáveis” para a segurança econômica dos EUA, pelas práticas chinesas consideradas injustas, que inundam os mercados globais com mercadorias baratas.

As novas medidas terão impacto de US$ 18 bilhões em bens importados da China, incluindo aço e alumínio, semicondutores, baterias, minerais, painéis solares e guindastes, segundo a Casa Branca.

— Para nossos aliados no Ocidente, há muitas oportunidades, e vocês vão encontrar pessoas que concordam em ambos os partidos. Há um desejo de lutar contra a China e encontrar outros países como o Brasil para estar do lado dos EUA. A aliança contra a China traz, para todos vocês, enormes oportunidades — disse Jennings.

 

‘Estratégia diferente’
De acordo com Rosenberg, a reação de Biden representou um movimento mais agudo do que o país está acostumado a fazer em questões de comércio exterior, o que pode refletir o redesenho em marcha de uma nova era econômica:

— Estive envolvido em todos os contratos de livre-comércio que temos hoje, e o governo Biden está indo atrás de uma estratégia diferente. Isso representa uma oportunidade para o Brasil, porque estamos indo de uma era econômica para outra.

Desde a Alca, nos anos 1990
Ao menos desde os debates para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em 1994, a América Latina não entra no radar dos EUA com tanta relevância. As discussões sobre a Alca foram encerradas em 2005.

— Estamos em um período de transição nos EUA, o que aconteceu esta semana (semana passada) foi um afastamento dramático das abordagens de praxe — afirmou Rosenberg

O pacote da Casa Branca foi visto como resposta de Biden ao eleitorado que se queixa dos efeitos do avanço chinês no mercado de trabalho do país. Analistas avaliam que a eleição presidencial, em novembro, será muito acirrada.

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