DINHEIRO

Brasil-EUA: País precisa garantir estabilidade para atrair investimentos, diz Ilan Goldfajn

Reduzir criminalidade e aumentar produtividade é caminho para o país atrair mais investimentos em economia verde, segundo presidente do BID e ex-presidente do Banco Central

O presidente do BID, Ilan GoldfajnO presidente do BID, Ilan Goldfajn - Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil

O Brasil pode atrair investimentos em diversas áreas da economia verde, com grande potencial para o país, afirmou o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, referindo-se a quatro setores principais: energia limpa, minerais essenciais, como cobre e lítio, biodiversidade e segurança alimentar.

Ilan participou de painel sobre oportunidades de investimentos no Brasil no Summit Valor Econômico Brazil-USA, em Nova York, sob a mediação da jornalista Flávia Barbosa, editora executiva do Globo e do Extra.

O dever de casa a ser feito para incrementar a capacidade de atrair tais oportunidades, segundo o ex-presidente do Banco Central brasileiro, envolve estratégias para garantir a estrangeiros estabilidade, tanto econômica quanto em segurança:

— Sempre que falo com empresários e investidores estrangeiros, eles pedem estabilidade econômica e social.

Ele citou temas que surgem de maneira recorrente em conversas com representantes dos 22 países-membros do BID fora da América Latina e do Caribe:

— Os investimentos em energia estão vindo para a América do Sul. Em alimentos, mesma história. Tem muita oportunidade e você tem que ser capaz de atrair. Essa divisão (do mundo) estimula a integração regional na América Latina e no Caribe.

 

Outro ponto importante, na visão de Ilan, é reduzir a criminalidade e as preocupações com segurança na região, aspecto que também influencia a tomada de decisão de investidores:

— Segurança e criminalidade viraram uma questão regional. A América Latina tem um terço dos assassinatos do mundo, com população muito menor. Estabilizar isso é fundamental.

Clima e desigualdade
Uma vez atraídos tais investimentos, disse o presidente do BID, é importante aplicá-los no aumento de produtividade, principalmente em educação.

Ao comentar a tragédia do Rio Grande do Sul e a grande quantidade de eventos climáticos extremos, Ilan destacou que é papel dos bancos de desenvolvimento apoiar países para que estes se preparem para a nova realidade ambiental. É uma das prioridades do BID fomentar ações em transição energética, contingência a desastres e infraestrutura resiliente.

No auge da tragédia no Rio Grande do Sul, Ilan esteve no Brasil e anunciou um pacote de ajuda que pode chegar a R$ 5,5 bilhões, sendo uma parte em recursos imediatos, como ajuda humanitária, até financiamento para pequenas empresas.

Para o presidente do BID, obter recursos é um dos grandes desafios da agenda climática no mundo. Como parte do Acordo de Paris, fechado em 2015, os países ricos se comprometeram a garantir o financiamento de US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020, para que países em desenvolvimento pudessem fazer frente à emergência climática e responder a seus impactos.

Outra frente do BID é apoiar países na agenda de combate à fome e à pobreza. Ilan afirmou que, com o Brasil na presidência do G20 e com o BID integrando a aliança global contra a pobreza, ele espera auxílio financeiro dos demais países para projetos que combatam a desigualdade na América Latina.

Veja também

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app
trabalhadores

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app

Desenvolvimento da IA não pode depender de "caprichos"do mercado, alertam especialistas da ONU
Inteligência Artificial

Desenvolvimento da IA não pode depender de "caprichos"do mercado, alertam especialistas da ONU

Newsletter