Brasil faz sua primeira exportação de milho para China
Chineses tentam reduzir dependência de EUA e sinalizam comprar também farelo de soja do Brasil
O primeiro navio com milho brasileiro para a China vai zarpar esta semana, após um acordo fechado no início do ano entre os dois países. O Star Iris sairá do Porto de Santos com cerca de 68 mil toneladas de grãos para a operadora chinesa Cofco, segundo a agência marítima Alphamar.
A China decidiu começar a comprar grãos brasileiros em maio, em parte para reduzir a dependência dos Estados Unidos e também para substituir suprimentos da Ucrânia que ficaram bloqueados após a invasão russa. Em outubro, a China aprovou mais de 130 instalações para exportação de milho brasileiro.
O mercado esperava o início das importações do Brasil só em dezembro, já que os EUA acabaram de colher sua safra. Mas, como o milho americano é o mais caro do mundo, os primeiras embarques não só estão acontecendo antes do esperado, mas o total também pode ser maior.
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Segundo a Alphamar, mais três navios estão programados para sair ainda este mês, o que pode colocar o total de embarques de novembro próximos a 200 mil toneladas. Há também outro navio que deve partir nos primeiros dias de dezembro.
Embora o Brasil seja o segundo maior exportador global de milho, a China quase nunca comprou o grão brasileiro nos últimos nove anos devido a preocupações fitossanitárias.
A liberação da importação de milho brasileiro ameaça a participação dos EUA nas compras chinesas. O milho americano respondeu por cerca de 70% das importações chinesas na última safra.
A China já compra a maior parte da soja do Brasil, oleaginosa que, junto ao milho, é o principal insumo para a ração animal usada na alimentação de seu enorme rebanho suíno. E já há sinais de que o país poderá importar em breve também farelo de soja do Brasil.
Recentemente, autoridades chinesas aprovaram 14 instalações brasileiras para o embarque de farelo de soja, segundo lista publicada no site da alfândega da China.
A China geralmente não importa farelo de soja. Em vez disso, costuma comprar grandes quantidades da oleaginosa do Brasil e dos EUA para sua indústria de processamento, que supre o país de ração animal e óleo de cozinha.
Mas os chineses têm um histórico de reduzir as compras agrícolas dos EUA quando há uma escalada de tensão entre os dois países, como ocorreu em 2018 e 2019, no auge da guerra comercial do ex-presidente americano Donald Trump. O Brasil poderá assim, ganhar espaço dos produtos americanos nos próximos meses.