O Brasil está em pleno emprego? Entenda o conceito
Termo define período em que desemprego atinge o nível mais baixo possível sem gerar inflação. Especialista alerta para o risco de o Brasil alcançar taxa excessivamente reduzida
O desemprego atingiu 6,2% entre agosto e outubro, a menor taxa da história, conforme apontado pelo IBGE nesta sexta-feira. Ao mesmo tempo, o número de ocupados alcançou recorde de 103,6 milhões. Em alguns estados do país, o desemprego está tão baixo que já chega a 2%. Diante desses números positivos do mercado de trabalho, surge o questionamento: o Brasil está em pleno emprego?
O conceito de pleno emprego é interpretado pelos economistas como o momento em que a taxa de desemprego atinge o seu nível mais baixo possível sem gerar pressões inflacionárias. Em outras palavras, mesmo com a maior parte da população empregada, não há uma demanda por trabalho que leve ao aumento generalizado de salários, pressionando os preços.
É uma linha tênue entre a procura e a oferta no mercado de trabalho. O desemprego não está nem tão alto a ponto de afetar a economia com capacidade ociosa, nem tão baixo ao ponto de gerar inflação. No entanto, por ser um ponto sensível, há riscos quando essa taxa se aproxima ou fica abaixo do nível recomendado.
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Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), explica que o índice que define o pleno emprego varia entre os países porque depende do nível de produtividade e de outros fatores específicos do mercado de trabalho local. No Brasil, o pleno emprego está hoje entre 6% e 7%, calcula Tobler.
"É a taxa que não gera risco para a inflação brasileira. Mas podemos ter algum risco inflacionário por estarmos chegando em 6%", diz ele, ao projetar que o Brasil alcançará essa mínima histórica até o fim do ano.
Risco inflacionário
Pesquisa conduzida pelo próprio Tobler, do FGV IBRE, fez o alerta. Seis em cada dez empresas brasileiras já têm dificuldade para contratar ou reter profissionais. A falta de mão de obra disponível é o principal gargalo que elas se deparam. Segundo o estudo, há um desafio em pagar salários mais altos. Por isso, a saída tem sido investir em capacitação interna e oferecer mais benefícios.
O economista avalia que o momento atual é diferente do observado em 2013, quando o Brasil atingiu o segundo menor patamar de desemprego. Ele lembra que, naquela ocasião, a inflação de serviços foi de 8,75%.
"Ali já tinha passado um pouco do controle", lembra Tobler.
No atual cenário, a inflação tem estado relativamente mais baixa e o Banco Central está elevando a taxa básica de juros, a Selic, para conter as expectativas de inflação dos anos seguintes. Nesse sentido, Tobler avalia que o risco é um pouco menor, embora não desprezível:
"O Banco Central já vem se precavendo disso. E a tendência é que a taxa de desemprego não continue caindo muito".