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ECONOMIA

Brasil será menos impactado por políticas do Trump, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central ressaltou que presidência trumpista pressiona o dólar em países emergentes

Roberto Campos Neto Roberto Campos Neto  - Foto: Sergio Lima/AFP

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que a economia brasileira deve ser menos afetada pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos do que outros países emergentes.

De saída do cargo nas próximas semanas, o chefe da autoridade monetária destacou que, embora um dólar mais forte impacte os mercados emergentes, o Brasil está relativamente distante das questões que afetam diretamente países como China e México, especialmente no contexto das políticas comerciais e imigratórias.

—Eu fiz o alerta no Banco Central de que não achava que todos os países iam reagir da mesma forma. Você tem a questão da China, do México, por causa do Nafta, mas o Brasil está muito distante disso — afirmou o presidente do BC.— Claro, se você tem um dólar forte, isso afeta todos os mercados emergentes, mas minha visão é de que o Brasil será menos afetado.

 

Campos Neto participou no início da tarde, por videoconferência, do painel The Future of Brazil (O Futuro do Brasil) durante o 12º Annual Summit do Valor Capital Group.

O presidente do BC ressaltou que as principais políticas prometidas por Trump para imigração, fiscal e comércio exterior trazem uma perspectiva inflacionária para os Estados Unidos, o que foi amplamente debatido às vésperas da eleição americana.

Sobre a política fiscal brasileira, o presidente do BC alertou que o aumento de gastos sociais eleva o prêmio de risco (o retorno que investidores exigem para investir em ativos mais arriscados), o que, por sua vez, leva a uma política fiscal mais contracionista e a menos crescimento.

—Eventualmente, você atinge um ponto em que temos um prêmio de risco tão alto que, ao diminuí-lo, temos uma chance mais alta de expansão das condições financeiras — afirmou o presidente do BC.

Campos Neto ressaltou que, após a crise da Covid-19, o Brasil saiu com uma dívida e taxa de juros mais altas, aumentando o custo de rolagem da dívida e gerando efeitos cumulativos no mercado.

Sobre os seis anos à frente do BC, ele destacou a autonomia da instituição e avanço na agenda digital como marcos relevantes.

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