Logo Folha de Pernambuco

PRESIDENTE DO BC

Brasil teve avanços institucionais importantes nos últimos anos, afirma Campos Neto

Entre os ganhos, ele citou o controle de gastos públicos, com a regra do teto, que foi substituída por um novo arcabouço fiscal

Campos NetoCampos Neto - Foto: Pedro França/Ag. Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse, nesta segunda-feira (4), que o Brasil teve avanços institucionais importantes nos últimos anos, o que contribui para a estabilidade financeira e de preços. "De forma geral, estamos avançando em ganhos institucionais", afirmou, ao responder a perguntas após palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Entre os ganhos institucionais, ele citou o controle de gastos públicos, com a regra do teto, que foi substituída por um novo arcabouço fiscal, e a própria autonomia operacional do BC.

Esses ganhos institucionais, conforme Campos Neto, são importantes para a estabilidade tanto de preços quanto financeira, apoiando assim os investimentos de longo prazo e o crescimento.

Autonomia financeira do BC
O presidente do BC defendeu ainda a ampliação da autonomia da autarquia. A autonomia financeira e administrativa, prevista em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação no Congresso, foi apontada por ele como um "passo natural".

Conforme Campos Neto, quase todos os bancos centrais - mais de 90% - que têm a autonomia operacional contam também como a autonomia financeira. Com ela, o banco central pode definir sua própria política de pessoal, incluindo os salários pagos aos servidores, que têm se mobilizado por bônus e reajustes salariais.

Ao responder a perguntas sobre o tema após palestra na ACSP, Campos Neto disse ser importante preservar o quadro técnico qualificado do BC para manter a autarquia inserida na agenda de tecnologia e inovação, que trouxe frutos como a criação do Pix.

O sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo BC é, conforme Campos Neto, apenas a "ponta do iceberg" das inovações que estão sendo trabalhadas para ampliar a inclusão financeira no Brasil. "Por isso, é importante o BC funcionar de forma autônoma", disse. "O corpo de funcionários do BC é técnico, e tenho confiança de que continuará técnico", acrescentou.

Segundo o presidente do BC, os funcionários estão "muito comprados" no processo de autonomia do BC.

Campos Neto frisou que a remuneração, que leva servidores a trocar a autarquia por oportunidades no setor privado, tem causado crises internas no BC. Ao ressaltar que o debate precisa ser técnico, ele disse que não quer alimentar ruídos na mídia e revelou que o BC está preparando um documento sobre como foi a experiência de vários países que adotaram a autonomia financeira

"Se bem explicado e conversado com o governo e o Legislativo, todos vão entender o beneficio dessa autonomia", declarou Campos Neto, acrescentando que tirar o BC do orçamento da União permitirá que a autarquia faça melhores entregas à sociedade.

Lembrando da conquista da autonomia operacional, o presidente do BC disse que a possibilidade de incluir a autonomia financeira também foi considerada na época. A decisão, porém, foi de restringir a proposta à autonomia operacional, que era, como reconheceu Campos Neto, o ponto mais importante.

Questionado se a autonomia conquistada até aqui pelo BC é irreversível, ele respondeu que nada é irreversível, mas espera que seja.


 

Veja também

Programa BNDES Fundo Clima aprova, em 7 meses, 2,5 vezes valor aprovado em toda sua história
clima

Programa BNDES Fundo Clima aprova, em 7 meses, 2,5 vezes valor aprovado em toda sua história

Lula aceitou que medidas fiscais sejam estruturais, mas PT quer que atinjam "andar de cima"
medidas fiscais

Lula aceitou que medidas fiscais sejam estruturais, mas PT quer que atinjam "andar de cima"

Newsletter