Cade aprova venda do grupo BIG para o Carrefour com restrições
Os conselheiros concordaram em determinar a venda de algumas unidades para que a operação pudesse ser aprovada
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira a venda do grupo BIG para o Carrefour após realizar um acordo com a empresa para a venda de algumas unidades para evitar que houvesse prejuízo à concorrência em algumas regiões. A aprovação da operação de R$ 7,5 bilhões foi unânime.
Com isso, os conselheiros seguiram o entendimento da Superintendência-Geral (SG) do órgão que já havia finalizado um acordo com as empresas para a venda de algumas das 386 lojas adquiridas e futura aprovação da operação.
Com a aprovação, o grupo Carrefour, que possui o Atacadão, teria controle do clube de compras Sam’s Club, além dos hipermercados BIG e dos supermercados Bompreço e Mercadorama.
Mesmo seguindo o entendimento da SG, o relator do caso, conselheiro Luiz Augusto Hoffmann, expediu ofícios para dezenas de outras lojas, possíveis concorrentes, para ampliar a investigação sobre o possível prejuízo para a concorrência no comércio varejista, que inclui supermercados, atacarejos e clubes de compras; atacado de distribuição de produtos alimentícios; e de revenda de combustíveis
Depois desse processo, Hoffmann decidiu por seguir o entendimento da SG e foi acompanhado pelo restante dos conselheiros. O relator decidiu aumentar o número de unidades que deveriam ser vendidas em comparação com o acordo da SG por ver possíveis problemas em mais regiões, como unidades de Carrefour e BIG muito próximas uma da outra.
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O número de unidades a serem vendidas foi considerado confidencial, assim como as localizações. No entanto, no parecer da Superintendência-Geral há alguns exemplos de regiões que poderiam ser afetadas pela operação.
Uma das regiões em que o Cade identificou possíveis problemas foi em Gravataí, no Rio Grande do Sul, onde o BIG e o Carrefour têm “participação considerável” no mercado. Outras das cidades analisadas foram Juazeiro do Norte, no Ceará, e Recife, em Pernambuco. Os detalhes do acordo são confidenciais.
De acordo com Hoffmann, a empresa tem possibilidade reduzida de exercer poder de compra em relação aos fornecedores e há competitividade no varejo de autosserviço por diversos outros atores do setor.
Durante o voto, o relator ainda disse que algumas unidades que devem ser vendidas já receberam propostas de compra e, por isso, há condições para que esse processo seja realizado “sem demora”.
— A alienação dos supracitados estabelecimentos a terceiros possibilita o aumento da pressão competitiva enfrentada pelas requerentes no cenário pós-operação mitigando a redução da concorrência causada pela saída do grupo BIG e reduzindo a probabilidade de exercício de poder de mercado — disse.