Estatal

Cade decide investigar se Petrobras vende petróleo mais caro a refinarias privadas

Objetivo é apurar se estatal privilegia suas próprias unidades

Edifício sede da PetrobrasEdifício sede da Petrobras - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade, órgão de defesa da concorrência) abriu um inquérito administrativo para apurar se a Petrobras está cobrando mais caro pelo petróleo vendido a refinarias privadas. A suspeita do órgão é que a estatal estaria favorecendo unidades próprias. A decisão foi tomada nesta segunda-feira e é assinada pelo superintendente-geral do órgão, Alexandre Barreto.

"Verifica-se que poderia haver indícios de eventuais práticas discriminatórias relacionadas aos preços de venda do petróleo", diz a nota técnica que embasou a decisão. "Além de indícios de práticas de discriminação em preços, é salutar aprofundar a análise para verificar a existência de outras possíveis práticas de discriminação comerciais, i.e. qualidade do insumo, atrasos e prazos de entrega, forma de pagamento", acrescenta o texto.

Em agosto, Luiz de Mendonça, presidente da Acelen — holding de energia da Mubadala Capital, o braço de private equity do fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos — disse em entrevista ao Globo que paga mais caro pelo petróleo do Rio que uma europeia. A Acalen administra a primeira refinaria privatizada do país, Mataripe, na Bahia. É a segunda maior do Brasil e a primeira do Nordeste.

Acordo assinado entre Cade e Petrobras em 2019 determinou que a Petrobras venderia parte das refinarias que opera no Brasil. Desde então, é uma reclamação constante dentro do governo e também de potenciais investidores em refino os preços praticados pela Petrobras.

A primeira refinaria foi vendida no ano passado. A partir de então, o Cade passou a monitorar essa atividade. Antes, a Petrobras atuava como monopolista. Agora, o temor do Cade é que a Petrobras adote "condições comerciais distintas em relação a clientes diferentes".

O procedimento preparatório que levou ao inquérito administrativo foi aberto em junho deste ano após decisão do tribunal administrativo do Cade, composto por seis conselheiros e um presidente.

A Petrobras é investigada em mais de uma dezena de processos no Cade. Em nota, a Petrobras afirmou que "atua em total conformidade com a legislação vigente e segue à disposição para apresentar os dados e esclarecimentos pertinentes ao Cade.

Entre outras justificativas, a área técnica do Cade aponta que entre o 4º trimestre de 2021 e o 1º trimestre de 2022 houve uma mudança na relação entre o preço interno de transferência para o refino, transporte e comercialização e o valor médio do barril de petróleo do tipo brent.

Segundo o Cade, houve um aumento do gap entre o preço do brent e o preço de transferência para o refino, "indicando que poderia ter haver uma discriminação no preço entre as refinarias do próprio grupo Petrobras e a Refinaria de Mataripe" (a refinaria na Bahia que foi privatizada).

Veja também

PIB da Alemanha pode ter estagnação ou leve contração no 3º trimestre, avalia Bundesbank
alemanha

PIB da Alemanha pode ter estagnação ou leve contração no 3º trimestre, avalia Bundesbank

Meta, Spotify e outras empresas de tecnologia pedem esclarecimentos à UE sobre normas para IA
TECNOLOGIA

Meta, Spotify e outras empresas de tecnologia pedem esclarecimentos à UE sobre normas para IA

Newsletter