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BRASIL

Café e carnes devem continuar caros em 2025 por questões climáticas e dólar alto, dizem analistas

Perspectiva não é de alívio no curto prazo; governo discute hoje medidas para reduzir preço da comida

Café e carnes devem continuar caros em 2025 por questões climáticas e dólar alto, dizem analistasCafé e carnes devem continuar caros em 2025 por questões climáticas e dólar alto, dizem analistas - Foto: arquivo

Os preços dos alimentos começaram 2025 ainda mais caros e a perspectiva não é de alívio em itens como as carnes e o café, avaliam analistas. Os alimentos subiram em média 1,06% em janeiro, segundo IPCA-15 divulgado nesta sexta, e não devem dar trégua de imediato. Isso após um aumento de quase 8% dos alimentos no ano passado, levando o grupo a ser o "vilão" da inflação em 2024.

O preço da carne deve continuar pressionado, prevê Thiago Carvalho, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Ele explica que a arroba do boi iniciou o ano em patamar elevado, ao mesmo tempo em que o dólar mais alto favorece as exportações e limita a oferta no mercado interno.
 

Excesso de carboidrato, como a carne, pode ser uma das causas de cheiros desagradáveisPreços de carnes no país estão altamente associados à dinâmica externa, diz especialista

O especialista ressalta que os preços de carnes no país estão altamente associados à dinâmica externa. Com maior demanda pelos produtos brasileiros e problemas de produção em países concorrentes, como Estados Unidos e Argentina, ganham força as exportações da proteína:

— A tendência é de termos preços firmes, puxados pelo setor externo durante o ano.

O preço do café também não deve cair, alerta o pesquisador do Cepea Renato Garcia Ribeiro, responsável pela área de café. O principal motivo para o aumento do preço é a restrição global do grão.

Ribeiro explica que o Brasil, maior produtor mundial de café arábica, e o Vietnã, líder em robusta, têm sofrido com questões climáticas que reduziram em cheio a oferta. Os preços no campo dão a dimensão da escassez. O custo da saca do café arábica subiu 120%, de R$ 1 mil no dia 1º de janeiro de 2024 para R$ 2,25 mil no dia 1º de janeiro de 2025, segundo o Cepea.

— Além de 2024 ter sido um ano ruim por causa do calorão, as condições para produção de 2025 também mostram sinais de que não devemos ter volume excessivo de café. Tudo isso se reflete em preço, por isso estamos nesses patamares — afirma. — Não devemos ter quedas expressivas em 2025 porque não tem café. O estoque está apertado no mundo.

Falta produto no mercado
Tendo em vista a baixa oferta global do produto, há pouco que o governo possa fazer para conter os preços, avalia Ribeiro. Falta produto para fazer estoque regulador.

O presidente Lula deve se reunir nesta sexta com ministros para discutir formas de baratear o preço da comida. O foco agora é pensar em instrumentos para que as condições de oferta e produção sejam adequadas para abastecer o mercado doméstico com os principais alimentos da dieta do brasileiro a um preço apropriado.

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