Caixa anuncia redução de juros em linha de crédito imobiliário
A Caixa Econômica Federal anunciou, nesta quinta-feira (16), redução na taxa de juros de crédito imobiliário. Segundo o banco, a modalidade atualizada de linha de crédito contará com taxas a partir de 2,95% ao ano, mais a remuneração da poupança, o que representa uma queda de 0,4 ponto percentual.
O anúncio feito por Pedro Guimarães, presidente da Caixa, vai na contramão do recente aumento da Selic –hoje em 5,25%. Mas, de acordo com ele, a elevação na taxa básica de juros é o que permitirá ao banco promover o corte no crédito imobiliário.
"Isso aqui foi uma primeira calibrada. Por que faz todo o sentido matemático? Exatamente porque o nosso spread bancário aumentou. Quanto maior a taxa de juros Selic, sem mexer nada no resto, maior é o ganho de todo o banco, em especial o que tem captação barata", afirmou.
Spread é a diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar dinheiro no mercado e a taxa efetivamente cobrada quando esse mesmo dinheiro é emprestado aos clientes.
"O que a gente sentiu? Tinha espaço para reduzir as taxas de juros neste segmento ligado à poupança. A gente fez essa primeira redução e o que a gente quer? Entender mais de vocês, fazer análises. Mas na nossa opinião existe espaço para várias outras discussões", complementou.
A Caixa informou que as contratações com as novas taxas de juro se iniciam em 18 de outubro.
Diante da persistência da alta dos preços e das consecutivas revisões nas expectativas do mercado para a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou, na última reunião de 4 de agosto, a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, a 5,25% ao ano.
No comunicado, o BC indicou que fará nova elevação na mesma magnitude na reunião da próxima semana, 21 e 22 de setembro, para 6,25%.
Inicialmente, estava prevista a participação do Jair Bolsonaro (sem partido) na cerimônia, mas foi cancelada. O presidente teve reunião para discutir entraves do Auxílio Brasil com auxiliares.
Ao anunciar a redução das taxas do crédito imobiliário, Guimarães busca emplacar uma pauta positiva para o governo no momento em que Bolsonaro sofre com baixa popularidade e com dificuldades para tirar o Auxílio Brasil do papel.
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Guimarães é um aliado próximo de Bolsonaro.
O Auxílio Brasil foi desenhado para ser um programa social turbinado lançado às vésperas de um ano eleitoral. Mas o Planalto enfrenta espaço fiscal reduzido e ainda tenta encontrar uma forma para realizar os pagamentos.
A estratégia de usar a Caixa Econômica Federal para puxar uma queda de juros nos bancos privados é similar à adotada pelo governo Dilma Rousseff (PT).
Em 2012, ainda em seu primeiro mandato, a presidente teve atendidos seus pedidos de reduções nas taxas para contratação de diversos tipos crédito na Caixa e no Banco do Brasil.
Na época, diante de uma Selic de 9%, os mutuários chegavam a contratar financiamento imobiliário pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação) com juros de até 10% ao ano.
Quem tinha relacionamento com a Caixa –conta-corrente e recebia salário no banco– conseguia o financiamento ao custo anual de 8,9%. O corte derrubou os juros a 7,9%, no mínimo, e 8,4%, no máximo.
Em geral, os bancos privados acabam respondendo aos movimentos feitos pela Caixa no crédito para imóveis. Foi também assim em 2012. Pouco mais de três meses depois do anúncio da Caixa, o Santander puxou, entre os bancos privados, o corte de juros para o crédito imobiliário, reduzindo de 10% para 8,8% a taxa anual.