Campos Neto defende autonomia do Banco Central em meio a críticas de Lula
Presidente da autoridade afirma que instrumento separa ciclo político de ciclo econômico
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira (07) a autonomia da autoridade monetária, num momento em que o presidente Lula faz críticas recorrentes ao instrumento aprovado em 2021.
Em palestra em evento em Miami, Campos Neto usou a maior parte de sua discurso para falar sobre temas de inovação digital, mas disse brevemente em resposta a uma pergunta que a independência do BC é “muito importante”.
A principal razão da autonomia da autonomia do BC é desconectar a política monetária do ciclo político. Porque eles têm clientes e interesses distintos. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária, disse.
Leia também
• Banco Central vê com preocupação piora das expectativas de inflação
• Os cinco recados do BC para Lula na ata do Copom
• Americanas pede na Justiça desbloqueio de recursos de vendas
Com a autonomia do BC, o presidente do órgão passou a ter mandato e não pode ser demitido. Ele começa e termina esse mandato de forma descasada com o presidente da República. Campos Neto termina seu mandato em 2024, enquanto Lula, em 2026.
Lula já criticou o BC diversas vezes nos últimos dias. Disse que a autonomia do BC é “bobagem”, e reforçou que Henrique Meirelles teve autonomia em seu governo anterior mesmo antes da lei. Afirmou que a meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a “arrochar” a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer.
Disse também que iria esperar “esse cidadão”, Campos Neto, terminar o mandato para “fazermos uma avaliação do que significou o Banco Central independente”. Que Campos Neto quer chegar a uma inflação “padrão europeu”, mas que é necessário chegar à inflação “padrão Brasil”.
Por último, afirmou que o Brasil tem “cultura” de juros altos, e que o patamar de juros e o comunicado do BC são uma “vergonha”. Ele se referia ao comunicado da semana passada em que o BC manteve a Selic em 13,75%.