BANCO CENTRAL

Campos Neto defende que nome de seu sucessor seja conhecido entre setembro e outubro deste ano

Mandato de presidente do BC termina em 31 de dezembro

 Campos Neto Campos Neto  - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta quarta-feira (10), em entrevista à GloboNews, que o nome de seu substituto seja indicado entre setembro e outubro deste ano. Segundo ele, a ideia é que seu sucessor seja sabatinado pelo Congresso antes do recesso e que a transição seja “suave”.

— É importante que o governo tenha um nome o quanto antes. Não posso ficar na presidência do Banco Central depois de 31 de outubro – afirmou.

Campos Neto disse que ficou cerca de um mês com seu antecessor, Ilan Goldfajn, na transição. Com isso, sentiu-se preparado para assumir o cargo e participar de sua primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

— Quero a transição da forma mais suave possível — salientou.

Perguntado se haverá impacto dos juros e inflação altos na economia americana na próxima reunião do Copom (o mercado espera mais uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros), Campos Neto disse que ainda é cedo para fazer qualquer projeção. Ele enfatizou que não necessariamente o Brasil seria afetado pelo que acontece nos Estados Unidos.

— Não existe uma relação mecânica. Não é porque aconteceu nos EUA que vai acontecer no Brasil.

De acordo com o presidente do BC, se os juros nos EUA permanecerem altos por um período longo, o país captará liquidez por mais tempo, tomando espaço das nações emergentes. Porém, ressaltou que há notícias boas no Brasil e citou como exemplo a desaceleração do IPCA para 0,16% em março.

Disse que mantém boas relações com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com quem conversa com frequência, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem já se reuniu "algumas vezes". Colocou-se à disposição de Lula para conversar sobre vários assuntos, incluindo a proposta de autonomia do Banco Central que está no Congresso.

— Estou à disposição para conversar sempre, seja em churrasco, almoço ou jantar — afirmou, ao ser lembrado que um dos encontros com Lula foi em um churrasco.

Afirmou que apenas uma pequena parte dos servidores do BC, a maioria aposentados, é contra a autonomia da autoridade monetária. Disse que tem conversado com os funcionários sobre o assunto e o objetivo da medida é melhorar a instituição.

— Não é um projeto do Roberto Campos, é do Banco Central. Estamos presos a um formato antigo —disse, acrescentando que o atual orçamento de projetos do órgão para 2024, de R$ 15 milhões, equivale a um quinto do que era há cinco anos.

Ele disse que uma das funções de um presidente do BC é dizer não. Afirmou que já falou não, algumas vezes, ao ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e a Haddad.

— Não é uma coisa pessoal. É um não técnico — salientou.

Defendeu a importância de se manter a inflação baixa. Disse que um dos argumentos que usa é que uma boa política pública só é boa se a inflação estiver sob controle.

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