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Campos Neto defende reformas para baixar juros

Presidente do Banco Central mencionou discussões no governo

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do BrasilRoberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil - Foto: Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que para reduzir os juros de forma sustentável é preciso adotar medidas estruturais, mencionando discussões em andamento no governo.

Campos Neto esteve no evento da Investment Association, em São Paulo, e reforçou que o país conseguiu manter taxas menores nos momentos em que havia maior confiança em relação ao cenário fiscal.

— Hoje li as notícias, e não sei se é oficial ou não, mas estão falando de reformas administrativas, e existe a expectativa de que, depois das eleições, veremos algumas medidas. Isso é muito importante para nós do Banco Central podermos ter menores taxas de juros de uma forma sustentável.

O presidente do BC também comentou que, embora a inflação no Brasil esteja convergindo, esse processo estagnou recentemente. Segundo ele, o país começa a observar sinais de desancoragem, impulsionados tanto pelo setor de serviços quanto por um mercado de trabalho mais apertado.

— O mercado de trabalho nos diz que precisamos prestar atenção na inflação de serviços bem de perto.

Campos Neto apontou também que há boas notícias sobre o crescimento econômico do Brasil, com o PIB superando as expectativas de mercado. Ele atribuiu uma parcela desse avanço a reformas estruturais realizadas nos últimos cinco a dez anos, mencionando a Reforma Administrativa e a Lei de Liberdade Econômica, por exemplo.

No entanto, concorda que outra parcela desse crescimento está relacionada ao aumento dos gastos, o que seria preocupante.

— O crescimento vem surpreendendo. Parte dessas boas notícias são estruturais quando olhamos para todas as reformas que o Brasil fez nos últimos cinco a dez anos. Começamos a ver o impacto coletivo dessas reformas. [...] Obviamente tem uma preocupação de que parte desse crescimento seria o fiscal, e acho que é, mas há também elementos estruturais.

O presidente do BC levantou outros pontos que preocupam em relação ao cenário doméstico, como as eleições americanas, que podem pressionar a inflação devido à ausência de uma discussão sobre o controle de gastos nos Estados Unidos. Além disso, ele mencionou as medidas protecionistas que aparecem nos programas de ambos os candidatos.

Campos Neto disse também que a queda na taxa de fertilidade na China pode impactar a dinâmica da economia. Haveria ainda uma mudança de rumos na economia chinesa, que está passando de um modelo voltado para o consumo interno de bens para um foco maior nas exportações, especialmente de carros elétricos.

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