Campos Neto diz que transição no BC foi bem planejada 'apesar das pressões políticas'
Oficialmente, o mandato de Campos Neto termina no dia 31 de dezembro.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (19) que diz que transição no BC foi bem planejada "apesar das pressões políticas".
Em uma transição simbólica na presidência do Banco Central, o atual comandante do órgão, e Gabriel Galípolo, que assume o cargo em janeiro, darão entrevista coletiva conjunta nesta quinta-feira. Oficialmente, o mandato de Campos Neto termina no dia 31 de dezembro.
A entrevista conjunta se dá no contexto da publicação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que sempre conta com a participação do presidente do BC, além do diretor de Política Econômica. Galípolo atualmente é diretor de Política Monetária.
No RTI, a autoridade monetária apresenta a evolução da economia e as perspectivas para a inflação.
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Juntos, Campos Neto e Galípolo vão responder perguntas sobre a condução dos juros pelo Banco Central em um momento bastante tenso, em que o dólar não para de subir, mesmo diante de atuações duras tanto do ponto de vista de política monetária quanto de intervenções no mercado cambial.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu até as projeções mais conservadoras ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e já contratar duas altas da mesma magnitude para os próximos dois encontros. Em março, caso cumpra o prometido, a Selic chegaria a 14,25%, pico da crise do governo de Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016.
Com o "choque de juros", era esperado algum alívio no dólar, que vem em disparada desde a apresentação do pacote fiscal pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que frustrou as expectativas do mercado financeiro.
Na manhã seguinte, o câmbio brasileiro até reagiu positivamente, mas durou pouco. E desde, então, continua renovando recordes, mesmo com uma intervenção extraordinária do BC no mercado de câmbio que já soma R$ 12,7 bilhões. Nesta quarta-feira, a moeda americana fechou em R$ 6,26 e o BC já anunciou novo leilão de dólar à vista de até US$ 3 bilhões nesta quinta.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo, Lula disse que é irresponsável o aumento dos juros neste momento.
— A única coisa errada nesse País é a taxa de juros, que está acima de 12%", afirmou Lula. " Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação. É uma inflação totalmente controlada. A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia. Não é do governo federal. Mas nós vamos cuidar disso também.