Campos Neto sobre Galípolo: "Vai passar por pressão, como eu passei"
Presidente do Banco Central disse que não há "calmaria" na função e voltou a dizer que espera que seu sucessor seja julgado pelas decisões técnicas
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (29) que seu sucessor no cargo irá enfrentar pressão no cargo assim como ele. Questionado sobre como será a relação de Gabriel Galípolo com o governo, ele disse que não há "calmaria" no cargo:
— Vai passar por pressão, como eu passei. O que eu acho importante entender é que a institucionalidade (do Banco Central) está avançando — disse o presidente do BC, que acrescentou que a pressão "faz parte" e que era necessário tirar a "polarização" em torno do cargo.
Roberto Campos, que encerrou o mandato na presidência da autoridade monetária em dezembro, participou nesta quinta-feira, em São Paulo, do CNN Talks.
Ele voltou a repetir que espera que seu sucessor não seja julgado "pela camisa, nem pelo jantar, nem pelo evento que participou", mas sim pelas "decisões técnicas".
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Atual diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo teve sua indicação para a presidência do BC confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (28). Ele ainda terá que passar por sabatina no Senado.
Campos Neto enfatizou a independência do BC como um dos legados que deve se perpetuar nos próximos anos e lembrou que o próximo governo, a partir de 2026, pode não ser o mesmo.
— Então é importante entender que isso faz parte da história do Banco Central daqui para frente, de conviver, em alguns casos, com um executivo que não foi aquele que o indicou (o presidente do BC).
Nova fase
Em nota, nesta quarta-feira, o Campos Neto havia parabenizado a indicação de e desejou "muito sucesso" na nova fase "vida profissional" do diretor de política monetária. O comunicado do BC acrescenta que a transição dos mandatos "será feita da maneira mais suave possível".
Sobre o cenário econômico, o presidente do BC afirmou que o último resultado da inflação trouxe um aspecto qualitativo melhor, mas que há entendimento de que é preciso haver uma "convergência adicional". Ele citou preocupação com a possibilidade de pressão inflacionária no setor de energia e olhar adicional do BC para inflação de serviços.