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Receita Federal

Carf suspende sessões enquanto governo discute acordo sobre voto de minerva em julgamentos

Na pauta da próxima semana estavam casos tributários envolvendo empresas como Petrobras, BRF, Santander, Ambev, entre outras

Receita FederalReceita Federal - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal administrativo da Receita Federal, suspendeu nesta sexta-feira (3) as sessões programadas para a semana que vem, enquanto o governo Lula costura com empresários um acordo sobre a medida provisória (MP) que alterou a sistemática dos votos no órgão.

Na pauta da próxima semana estavam casos tributários envolvendo empresas como Petrobras, BRF, SantanderAmbev, entre outras.

O Carf é o órgão em que os contribuintes, sejam empresas ou pessoas físicas, podem recorrer de decisões de cobrança de impostos por parte da Receita Federal. O órgão tem formação paritária, ou seja, cada turma de julgamento é composta igualmente por representantes dos contribuintes e do governo.

No mês passado, o governo editou uma medida provisória que restabeleceu uma regra que prevê a vitória do Fisco em caso de empate nos julgamentos. Chamada de voto de qualidade, essa norma vigorou até 2020. Naquele ano, o Congresso aprovou que, em caso de empate, a vitória passaria a ser do contribuinte.

A mudança foi alvo de reclamações de empresas, de tributaristas e de parlamentares. Por isso, o governo negocia, agora, um acordo. Essa negociação está sendo feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com empresas como membros do Grupo Esfera.

O acordo negociado até agora estabelece que, quando o contribuinte perder uma causa por voto de qualidade, ele pode ter a multa e os juros cancelados, desde pague o valor do tributo em 90 dias. Se o valor não for pago, a multa volta a ser cobrada e o contribuinte poderia ir à Justiça.

Esse acordo ganhou força nessa quinta (2), com a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Toffoli deu um prazo de três dias úteis para o governo se manifestar a respeito do assunto.

A decisão de Toffoli foi tomada no âmbito de uma ação ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra a decisão do governo de voltar com o voto de qualidade.

As empresas querem que o Carf interrompa os julgamentos até que o Congresso vote a MP, ou que haja um acordo a respeito do tema. Caso haja um consenso, isso pode ser formalizado por outra MP ou por meio da ação no STF.

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Nesta semana, o Carf utilizou o voto de minerva em seis casos, dois deles envolvendo a Petrobras. Por conta do voto de qualidade, a empresa perdeu julgamentos que totalizaram R$ 5,7 bilhões, em disputas relacionadas à tributação de controlada no exterior.

A votação da MP do Carf é vista como o primeiro grande teste da base de Lula no Congresso com relação à pauta econômica — diante de uma agenda de Haddad que inclui reforma tributária e novo arcabouço fiscal. O governo vê na MP um desafio porque há uma forte resistência dos parlamentares em aprovar o texto trazendo de volta o voto de qualidade.

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