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Economia

Carne bovina deve ficar mais cara com queda global nos rebanhos, diz Minerva

Empresa brasileira de carnes acredita que oferta de gado para abate no Brasil deve começar a diminuir este ano, após recorde em 2024

A oferta de gado para abate no Brasil também deve começar a diminuir este anoA oferta de gado para abate no Brasil também deve começar a diminuir este ano - Foto: Mauro Pimentel / AFP

Os rebanhos de gado estão diminuindo nos Estados Unidos, na Europa e na China, segundo a empresa brasileira de carnes Minerva, o que indica que os preços da carne bovina podem continuar subindo.

Os EUA já enfrentam o menor rebanho em mais de sete décadas, e agora China e Europa também começam a ver uma redução na oferta de gado, disse Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva, durante uma teleconferência de resultados nesta quinta-feira.

As ações da Minerva subiram até 12% em São Paulo nesta quinta, a maior alta desde dezembro de 2021, após a empresa divulgar uma forte receita no quarto trimestre, apesar dos desafios causados pelo aumento dos preços do gado.

A oferta de gado para abate no Brasil também deve começar a diminuir este ano, após um recorde em 2024, segundo a Minerva.

No entanto, a maior fertilidade e o aumento do peso do gado podem impulsionar o fornecimento de carne bovina brasileira, afirmou a empresa. A Minerva também destacou que já começou a integrar 13 frigoríficos adquiridos da Marfrig Global Foods, o que ajudará a aumentar a oferta.

A escassez de oferta já está elevando os preços nos EUA, onde os contratos futuros do gado atingiram um recorde em janeiro, enquanto os preços da carne bovina no atacado também dispararam.

O preço médio pago pelos importadores pela carne bovina brasileira subiu 8,9% em fevereiro em relação ao ano anterior. Apesar da alta nos preços, a Minerva segue otimista quanto às perspectivas globais da empresa.

“O que chama a atenção é que, mesmo com a alta dos preços, estamos vendo uma grande resiliência na demanda”, disse Queiroz.

O crescimento da demanda já está beneficiando frigoríficos da América do Sul, como a JBS e a própria Minerva, que aumentou suas vendas para os EUA no último ano.

No final de 2024, os EUA se tornaram o principal cliente da empresa, representando 23% de suas exportações e ultrapassando a China, que anteriormente ocupava essa posição.

A Minerva também vê uma oportunidade de se beneficiar da guerra comercial de Donald Trump, à medida que o presidente dos EUA busca impor tarifas sobre produtos de seus parceiros comerciais. O Brasil poderia aumentar suas exportações de carne bovina para os EUA, suprindo cortes que atualmente são fornecidos por empresas australianas.

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“Se os EUA impuserem tarifas à Austrália, isso será uma grande mudança de jogo para nós exportarmos para os EUA”, afirmou Queiroz.

Além disso, a Minerva está de olho no Japão como um mercado em expansão, já que o Brasil está em negociações avançadas para abrir esse mercado para sua carne bovina.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja uma viagem ao país asiático ainda este mês.

Na noite de quarta-feira, a Minerva informou que sua receita do quarto trimestre subiu 74% em relação ao ano anterior, superando as estimativas dos analistas. Cerca de 58% da receita do ano passado veio das exportações.

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