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Casino, grupo que controla o Pão de Açúcar, está à beira de um calote, diz agência de classificação

Standard & Poor's rebaixou as notas de crédito da rede francesa para nível próximo de inadimplência

O grupo varejista francês é dona do Pão de Açúcar no BrasilO grupo varejista francês é dona do Pão de Açúcar no Brasil - Foto: Stephane Mahe / AFP

A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou de CCC- para CC as notas de crédito que atribui ao grupo francês Casino, controlador da rede de supermercados Pão de Açúcar. Segundo a agência, um calote do Casino é iminente.

Na semana passada, o grupo fechou acordo preliminar com os credores para reestruturar uma dívida de 6 bilhões de euros (R$ 31 bilhões) e passou a ser comandando pelo bilionário tcheco, Daniel Kretinsky, substituindo Jean-Charles Nouri no comando da varejista francesa.

Na avaliação da S&P, o acordo fechado não é suficiente para resolver os problemas financeiros do Casino. O acordo prevê uma injeção de 1,2 bilhão de euros, mas analistas estimam que a rede precisa de algo entre 2,5 bilhões e 3 bilhões em dinheiro novo. O acordo converterá 4,9 bilhões de euros de dívida em ações. A expectativa é que até setembro o acordo final com os credores seja definido.

A S&P avalia que uma inadimplência do grupo francês pode acontecer pela falta de pagamento de juros da dívida. A S&P manteve a perspectiva negativa para os ratings do Casino. De acordo com a agência, um rebaixamento para o nível D (calote) vai acontecer se o Casino prosseguir com a reestruturação financeira da forma como foi anunciada, ou se o grupo não honrar os compromissos financeiros segundo o cronograma original.

No final de junho, o Casino anunciou que pretende vender suas filiais sul-americanas, incluindo a participação no Grupo Pão de Açúcar (GPA) e na rede colombiana Éxito. Trata-se de mais uma alternativa para reduzir suas dívidas e garantir sustentabilidade econômica do grupo.

Novo controlador é tcheco
As apostas para que o Casino continue operando estão agora nos ombros de Daniel Kretinsky. Advogado de 48 anos, ele fez uma fortuna de US$ 9 bilhões (R$ 42 bilhões) no ramo de combustíveis fósseis. Comprou esses ativos de empresas de serviços públicos na Europa que queriam descarbonizar suas operações.

Ele controla o grupo EPH, um dos maiores conglomerados de energia da Europa Central. O grupo é o segundo maior minerador de carvão da Alemanha. Kretinsky acredita que a transição para fintes de energia limpa na Europa vai demorar e que o uso de carvão e gás vão durar por mais tempo do que o projetado. Por isso, comprou esses ativos a preços baixos das estatais europeias.

No varejo, o bilionário tcheco adquiriu participações importantes em cadeias de supermercados no Reino Unido, entre elas a Sainsbury, França, Alemanha e Holanda. Tentou, sem sucesso, obter o controle do jornal francês Le Monde. Kretinsky fala francês fluentemente.

Para assumir o controle do Casino, Kretinsky formou um consórcio de investidores, bancos credores, entre eles as empresas EP Global Commerce, a Fimalac e a Attestor, além do bilionário francês Marc Ladreit de Lacharriere. Com disposição para assumir empresas com problemas financeiros, Kretinsky anunciou esta semana que obteve o controle da Atos, empresa de tecnologia, com dívidas de 1,9 bilhão de euros.

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