AEROPORTO

CCR fica fora do leilão de Congonhas, e Aena entrega a única proposta para levar aeroporto

Empresa que protagonizou os últimos leilões de terminais era apontada como uma das principais interessadas, mas não entregou envelope para a disputa, marcada para quinta

Aeroporto de Congonhas Aeroporto de Congonhas  - Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O grupo espanhol Aena, que administra seis aeroportos no Nordeste, incluindo Recife e Maceió, foi o único a apresentar proposta para o leilão de Congonhas, segundo fontes. O resultado será conhecido na próxima quinta-feira. O grupo CCR, que opera o maior número de aeroportos privados hoje no Brasil e vinha protagonizando leilões, despontava como o principal interessado, mas ficou fora.

Na avaliação de analistas do setor, o certame, que envolve um total de 15 aeroportos, deve ser marcado por pouca disputa. E Congonhas, considerado a “joia da coroa” nas mãos da Infraero, deve ser arrematado pelo lance mínimo de R$ 740,1 milhões.

Ontem terminou o prazo para apresentação de propostas. Segundo a Secretaria de Aviação Civil, todos os blocos receberam ao menos uma oferta. Segundo fontes do mercado, o Aena foi o único interessado no bloco que tem Congonhas a entregar proposta, mas ainda não há informações oficiais sobre as ofertas. O Grupo CCR não entregou.

Antes da pandemia, Congonhas movimentou 22 milhões de passageiros por ano e deve chegar a 30 milhões, segundo os estudos da concessão, com prazo de 30 anos. Apontado como o principal interessado, o Grupo CCR decidiu ficar fora da concessão do aeroporto, conforme antecipou a coluna Capital, do Globo.

A decisão, segundo um executivo da empresa, foi tomada na sexta-feira pelo Conselho de Administração da CCR, devido ao risco elevado do negócio. Incertezas no cenário interno, diante das eleições, dificuldades de retomada da atividade econômica no Brasil e no mundo e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia foram consideradas na decisão.

Outro fator que pesou na avaliação foi o fato de o governo ter elevado o percentual de outorga variável, condicionada aos rendimentos das operações no terminal, de 5% para 16%. A medida foi tomada para reduzir o desembolso do investidor com desligamento de pessoal da Infraero.

'Muitas incertezas'

Pesou ainda a inclusão no bloco de Congonhas, aeroportos do interior de Minas e do Para, além de terminais de Mato Grosso do Sul, somando 11 terminais ao todo. Segundo uma fonte do setor, o "ambiente está muito conturbado, com muitas incertezas".

Contou ainda o fato de o aeroporto ser licitado junto com terminais do interior de Minas e do Pará, além de Mato Grosso do Sul, em um lote de 11 ao todo. A avaliação de boa parte dos investidores é que foram inseridos muitos ativos deficitários.

Com a desistência da CCR, que era uma das principais apostas do governo, técnicos envolvidos nas negociações reforçaram as conversas junto à espanhola Aena para evitar que o leilão de Congonhas ficasse sem interessados. A operadora vinha realizando estudos sobre Congonhas.

No bloco do Norte, formado pelos aeroportos de Belém e Macapá, houve proposta da Socicam, segundo um executivo da empresa. A francesa Vinci também teria entregue proposta, segundo fontes do mercado.

No grupo da aviação executiva, formado por Campo de Marte e Jacarepaguá, o único interessado conhecido até agora foi a XP Investimentos, de acordo com as fontes.

Leilão é vitrine do governo

A chamada 7ª rodada de concessões de aeroportos é a prioridade do Ministério da Infraestrutura, cujo programa de concessões é uma das vitrines eleitorais do presidente Jair Bolsonaro (candidato à reeleição pelo PL) e do ex-ministro Tarcísio de Freitas (candidato ao governo de São Paulo pelo Repúblicanos).

No entanto, ocorre em meio a um cenário de juros e inflação em alta, incerteza eleitoral e críticas do mercado à composição dos blocos de aeroportos, fatores que devem limitar a disputa pelos ativos.

O bloco mais importante do certame é o que inclui o aeroporto de Congonhas e mais dez aeródromos. Compõem o lote, também, os aeroportos de: Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul; Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará (PA); e Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais (MG).

A outorga mínima prevista para esse bloco é de R$ 740,1 milhões e o valor estimado do contrato, que terá duração de 30 anos, é de R$ 11,6 bilhões. O edital prevê investimentos de R$ 5,8 bilhões nos aeroportos desse lote.

Embora Congonhas seja considerado a “joia da coroa” por ter localização na cidade de São Paulo e ter operação altamente rentável, uma série de importantes operadores aeroportuários desistiram de dar lances. Consideram que foram inseridos no bloco muitos ativos deficitários, o que derruba a atratividade. Dos aeroportos desse lote, só Congonhas é visto como realmente atrativo.

Veja também

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app
trabalhadores

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app

Desenvolvimento da IA não pode depender de "caprichos"do mercado, alertam especialistas da ONU
Inteligência Artificial

Desenvolvimento da IA não pode depender de "caprichos"do mercado, alertam especialistas da ONU

Newsletter