Celulares serão capazes de identificar fotos geradas por inteligência artificial. Entenda
Modelos com sistema operacional Android e processador Snapdragon terão chancela da C2PA, de combate a fake news
Como forma de combater a propagação de fake news e imagens falsas, a nova geração de smartphones trará um recurso inédito. Os celulares serão capazes de identificar se as fotos foram manipuladas ou geradas por inteligência artificial. A novidade será embarcada neste primeiro momento em celulares que contam com o sistema operacional Android, do Google, e com o processador Snapdragon 8 Gen 3, chamado de Titã, da Qualcomm. É o caso do Xiaomi 14, que será lançado nesta quinta-feira (26) na China.
Para isso, os telefones terão a chancela da C2PA, uma coalizão para autenticidade de conteúdo que fornece a capacidade de rastrear a origem de diferentes tipos de mídia e é formado por empresas como Adobe, Microsoft, BBC, Publicis e Sony.
A C2PA reúne também iniciativas como a Content Authenticity Initiative, formada por diversas empresas de tecnologia e mídia, além de organizações como a Associação Nacional de Jornais (ANJ). A entidade participa do desenvolvimento de sistemas para fornecer padrões de verificação de autenticidade das imagens.
Assim, para saber se as imagens foram alteradas, será preciso abrir a foto e arrastar para cima para ver as informações fornecidas pelo processador. Hoje, os modelos mostram a localização da captura, a lente usada e o formato do arquivo, como JPEG ou HEIF. Agora, além de indicar que o conteúdo foi gerado por IA, haverá a indicação do total de modificações feitas na foto.
Leia também
• Saiba como funciona o computador que imita o cérebro humano e multiplica a inteligência artificial
• Inteligência Artificial abala mercado editorial
• Uso de inteligência artificial para traduzir vozes em outras línguas acende alerta entre dubladores
Mingjuan Hou, vice-presidente da Qualcomm, explica que a solução que permite verificar a manipulação da imagem é uma parceria com a empresa Truepick, que passou por uma atualização para ser compatível com o formato da C2PA.
"Queremos dar às pessoas a capacidade de identificar que se trata de inteligência artificial. A ideia é que os usuários saibam que a imagem é na verdade gerada por IA. Apesar de a tecnologia trazer mais qualidade em fotos e vídeos, é importante adicionar essa camada de transparência. Estamos realmente em uma realidade onde você vê fotos online e pode se questionar se é realmente um evento que aconteceu ou se foi totalmente gerado por IA" explica Mingjuan.
O novo processador foi anunciado em evento nos EUA que contou com a participação de diversos fabricantes. Além da transparência, outra preocupação trazida pela nova tecnologia é com a privacidade dos dados, ressalta Benicio Goulart, gerente de desenvolvimento de software da Motorola:
"Há um grande esforço de pesquisa e desenvolvimento para ter uma solução de IA que possa rodar totalmente no dispositivo móvel, sem necessidade de compartilhar dados com servidores externos em cloud (nuvem)."
Alejandro Adamowic, diretor de Tecnologia da GSMA, associação internacional das operadoras de telefonia, lembra que as possibilidades trazidas pela inteligência artificial representam uma grande preocupação.
"Mas a solução vem da própria inteligência artificial, que pode descobrir através de seus próprios recursos se determinado conteúdo é real ou não."
David Burke, vice-presidente de Engenharia do Google, também reforçou os investimentos em IA generativa para os aparelhos que usam o sistema operacional Android.
"No outono (do Hemisfério Norte) teremos novos modelos que vão permitir funções mais complexas de IA. Ter isso no próprio aparelho é a chave para permitir mais possibilidades aos desenvolvedores e proporcionar melhores experiências do usuário como a privacidade. A IA no dispositivo inclui latência, removendo viagens de ida e volta aos servidores em nuvem. E isso reduz o consumo de energia e funciona sem conectividade de rede."