Censo 2022: condições de moradia melhoram em doze anos e 87% já moram em casas com revestimento
Norte e Sul lideram avanços
As condições de moradia no país melhoraram no Brasil, apontam dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quinta-feira (12) pelo IBGE. Há mais brasileiros morando em casas com revestimento - sejam elas feitas com tijolo ou taipa, percentual que subiu de 79% para 87% no intervalo de doze anos. Não há informações disponíveis para esse indicador no Censo 2000.
A proporção sobe para 94,6% quando considerados os moradores que em 2022 viviam em casas de tijolos, mas sem reboco, ou casas de barro revestidas. Nessa conta, somam-se as categorias de "alvenaria ou taipa com revestimento" e "alvenaria sem revestimento", conforme questionário do IBGE.
Especialistas consideram habitações mais adequadas aquelas com paredes feitas de alvenaria (com ou sem revestimento) ou de taipa (revestida). Por outro lado, são consideradas precárias as casas com paredes feitas de taipa não revestidas (com as paredes de barro expostas), madeira reaproveitada e palha, por exemplo. Isso porque, além de serem desconfortáveis para os moradores, há riscos maiores de contaminação por doenças e de desmoronamento.
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Era comum encontrar casas de taipa sem revestimento (paredes de barro expostas), principalmente em áreas rurais do Brasil, lembra Bruno Mandelli Perez, analista do IBGE. Hoje, essa categoria caiu para 0,6%, atingindo ainda cerca de 1,2 milhão de brasileiros. Mas esse número já foi bem maior.
— Em décadas passadas, essa era a forma predominante de residência na área rural do país. Mas, gradualmente, tem declinado.
No Recife, capital pernambucana, das 644.213 moradias, a grande maioria, 508.847 (92,83%), tem revestimento.
Segundo a pesquisa, todas as regiões do país registraram uma evolução na proporção de pessoas morando em casas de alvenaria, taipas revestidas ou de alvenaria sem revestimento. Os destaques foram os avanços nas regiões Norte e Sul - salto de 59% para 75,8% em doze anos - e Sul - de 74,4% para 85,7% no mesmo período. As regiões concentravam parcela importante de moradores vivendo em casas de madeira.
Ainda no recorte por material utilizado nas paredes externas dos domicílios, o percentual de moradores vivendo em casas com "alvenaria sem revestimento" teve uma queda de 11,6% no Censo 2010 para 7,6% no Censo 2022. Já aqueles que moravam em casas com paredes feitas com madeira de construção somaram 4,1%. Doze anos antes, eram 6,9%.
De acordo com o IBGE, a presença da alvenaria nas paredes das casas alcançava metade da população em 5.365 municípios brasileiros em 2022. Em 493 cidades, esse tipo de material abarcava toda a população recenseada nos domicílios.
Moradia precária vs. favelização
Apesar dos dados do IBGE apontarem melhora na qualidade de moradia das famílias, os números não são capazes de indicar uma redução da favelização. Famílias de classe média, por exemplo, podem ter obtido mais acesso a materiais de construção mais duráveis nos últimos anos, mas isso não impede a existência de outras precariedades ou vulnerabilidades.
Moradias menos densas
O brasileiro não só está vivendo em casas com um revestimento melhor, mas também menos densas do que há doze anos, apontam os números. Mais da metade das casas brasileiras (53,9%) tinham até dois moradores por dormitório em 2022, percentual similar em todas as regiões do país. Em 2010, era 48,11%.
Lares com apenas um morador por dormitório também ficaram mais representativos, passando de 33,78% em 2010 para 35,1% em 2022. Vinte e dois anos antes, no Censo 2000, esse percentual era de apenas 20,5%. A redução no adensamento tem sido significativa, mostram os números do IBGE. Cerca de 8,4% dos lares tinham três moradores por dormitório em 2022. Em 2010, esse índice era de 12,5%.
Outros 2,6% dos domicílios tinham mais de três moradores por dormitório em 2022, o que significa dizer que ao menos quatro pessoas dormiam no mesmo ambiente. Ao todo, eram 9,7 milhões de brasileiros vivendo sob essa condição de dividir o cômodo que dorme com outras três pessoas. Em 2010, eram 5,6%, mais que o dobro do registrado recentemente.
Um domicílio precisa ter, no máximo, dois moradores por dormitório para ser considerado adequado. Ter três ou mais pessoas dormindo no mesmo cômodo é considerado um adensamento excessivo, além de ser um critério que enquadra o domicílio no critério de déficit habitacional.