BRASIL

Censo 2022: país tem 11 milhões de domicílios vagos, alta de 87% em 12 anos

De um total de 90 milhões de domicílios no país, 12% (ou 11 milhões) estavam desocupados. Para uso ocasional, há 6,6 milhões

Imóvel para alugarImóvel para alugar - Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Nunca o país teve tantos domicílios vagos, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta quarta-feira (28). Dos 90 milhões de domicílios existentes no país em 2022, 12% (ou 11 milhões) estavam vagos.

O total de lares brasileiros subiu 34% entre 2010 e 2022. Dentro desse grupo, o maior salto foi observado nos domicílios vagos. São moradias que estão à venda, para alugar ou esperando para serem demolidos. O aumento foi de 87% no período.

Houve um aumento considerável em relação a 2010. No censo anterior, eram seis milhões de lares desocupados.

Número de lares de uso ocasional também teve um salto nos últimos 12 anos: alta de 70%. Principalmente em cidades litorâneas, há hoje no Brasil 6,6 milhões dessas casas que tem apenas uso esporádico.

_ Houve esvaziamento dos centros urbanos. Trabalho remoto, migração para cidades como Petrópolis e Nova Friburgo, no caso do Rio. O número de domicílios aumentou 34%, são mais 23 milhões de domicílios mapeadas, parte expressiva, de domicílios de uso ocasional. Isso explica a própria redução da média de moradores. É processo contínuo, não é novo, de agora _ afirmou Cimar Azeredo, presidente do IBGE.

Esse fenômeno já foi visto em outros censos, mas o padrão se intensificou nesse período, diz Azeredo.

Segundo o demógrafo José Eustáquio Alves, é preciso estudar melhor esse aumento tão expressivo no número de domicílios, principalmente pelo crescimento bem menor da população. Enquanto o número de lares subiu 34%, e da população foi de 6,5% de 2010 a 2022.
 

_ Numero de domicílios é outra coisa que tem estudar melhor. Como a população cresce menos e os domicílios crescem mais? Os domiclios já estavam crescendo mais que a população há mais tempo, mas dessa vez a alta foi maior.

Alves afirma que realmente o tamanho das famílias está diminuindo, o número de moradores caiu de 3,31 para 2,79. O fato de as mulheres viveram em média sete anos a mais que os homens tem feito aumentar os lares unipessoais, diz o pesquisador.

_ É uma tendência que só vem aumentando nas últimas décadas _ diz Alves.

Na avaliação de Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV Ibre, o déficit habitacional está relacionado à renda.

— O fato de você ter domicílios vazios ou com mais de um domicílio só reflete a nossa desigualdade. Você pode ter número de domicílios crescendo no ritmo da população ou superior, mas não necessariamente o déficit está diminuindo porque na base você têm núcleos e famílias se formando sem acesso à moradia.

Ana Maria avalia que o movimento migratório de pessoas das grandes cidades para municípios menores ocorre, em grande parte, pelo custo da habitação. Ela alerta ainda que esse fenômeno acaba gerando grande necessidade de infraestrutura, mas que nem sempre acompanha o movimento migratório, e isso tem implicações diretas na política habitacional dos estados e municípios.

— É muito importante que as políticas públicas se voltem para essas partes. Mas é preciso conjugar com outras políticas. Não basta dar uma moradia se a família não tiver condições de arcar com os custos para morar. É preciso todo um conjunto de políticas que permitam o acesso à moradia.

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